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Do Recife, a mostra seguirá em outubro para a Galeria Laura Alvim, no Rio de Janeiro

O fotógrafo Gilvan Barreto inaugura, na próxima quinta-feira (17), às 19h, a sua primeira exposição na Galeria Amparo 60. Batizada de Suturas, a mostra conta com 25 trabalhos realizados nos últimos quatro anos por Barreto, e selecionados sob a curadoria do paulista Eder Chiodetto.

Parte das obras é inédita, mas outras fizeram parte dos livros Moscouzinho e do recém-lançado Sobremarinhos. São fotografias, fotocolagens e desenhos através dos quais Gilvan Barreto fala dos ciclos da vida e da morte. Segundo o artista, o nome da mostra (Suturas) denota um pouco do que será apresentado. Na medicina, o termo representa um procedimento de coser extremidades de uma ferida. De certa maneira, as obras apresentadas representam uma tentativa de reconstrução. Corpos, imagens e memórias unidos, remontados, costurados – as próprias fotocolagens já expõem costuras manuais.

“Uma linha vermelha que, simbolicamente, busca a cura. São fotografias e colagens que simbolizam um procedimento cirúrgico bruto. Uma anatomia irregular, assimétrica, possível”, detalha Barreto. Segundo ele, há uma sintonia com a obra de Camus, já que parte do material vem do seu último livro, Sobremarinhos, lançado em maio, que faz referência ao livro O Estrangeiro, do escritor franco argelino. “Como se sabe, a morte é termo recorrente em vários livros de Camus”, pontua.

Para Eder Chiodetto, as obras formam uma espécie de constelação de imagens que possuem um centro de gravidade firmado na fissura, no prenúncio da dor e na aceitação da nossa falibilidade, daí o nome Suturas. Ele conta que nas conversas com o artista percebeu que os livros dele formam uma espécie de trilogia e resolveu pensar os ensaios como desdobramentos de questões centrais à pesquisa de caráter subjetivo dele: os ciclos da vida, a afirmação da afetividade, a poética contida na nossa vulnerabilidade, o indivíduo como a soma dos seus antecedentes, etc. “Selecionei imagens que orbitam tais questões e, ao mesmo tempo, universalizam aquilo que surge como história pessoal por meio de uma estética arrojada, visceral, por vezes violenta até, que é uma marca da originalidade da obra do Gilvan”, pontua o curador.

Ele destaca a guinada radical dada pelo artista, ao ter iniciado sua carreira no jornalismo e na fotografia documental clássica, passando mais tarde a experimentar possibilidade expandidas de representação. “Em um dado momento ele precisou ‘agredir’ o código fotográfico, levá-lo ao limite até gerar obras híbridas com desenho, literatura, escultura para alcançar simbologias e metáforas que dessem conta de representar sensações e parcelas não visíveis desse seu processo de interiorização e reflexão acerca dos desígnios da vida. Suas técnicas hoje são libertárias, nada dogmáticas em relação ao código fotográfico. E isso é uma atitude contemporânea muito bem-vinda”, conclui Chiodetto. A mostra fica na Amparo 60 até 16 de outubro e depois segue para a galeria Laura Alvim, no Rio de Janeiro.

O artista
Gilvan Barreto é pernambucano e reside no Rio de Janeiro há nove anos. Seu trabalho é focado principalmente em questões políticas, sociais e na relação do homem com a natureza. Sua fotografia é fortemente influenciada pelo cinema e literatura. Em 2014 foi o vencedor do Prêmio Brasil de Fotografia, Prêmio Marc Ferrez (Funarte),Prêmio Conrado Wessel de Arte e foi selecionado pelo programa Rumos, do Itaú Cultural, com o projeto Orquestra Brasileira de Fotografia. Além de Sobremarinhos, tem mais dois livros publicados: Moscouzinho (Tempo D’Imagem, 2012), e O Livro do Sol (Tempo D’Imagem 2013).

Serviço
Exposição: Suturas, de Gilvan Barreto
Curadoria: Eder Chiodetto
Abertura 17 de setembro de 2015, às 19h
Visitação de 18 de setembro a 16 de outubro de 2015.
Segunda a sexta, das 9 às 13h e das 14h às 19h.
Sábados das 10 às 14h (Com agendamento prévio)
Galeria Amparo 60
Av. Domingos Ferreira, 92 A
Boa Viagem, Recife – PE
+55 81 3033.6060