Jurema Sagrada faz festa na Mata do Catucá
Festa chega à sua 10ª edição e reúne grupos artísticos e centenas de pessoas que dançam, cantam e prestam homenagens às divindades deste culto de origem indígena.
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Gabriel Kubrusle/divulgação

Realização da 9ª edição do encontro nacional dos juremeiros, ocorrido em setembro de 2014, nas matas do Engenho Pitanga II, em Abreu e Lima.
Há dez anos que a Jurema – tradição religiosa baseada em cultos a entidades de origem indígena – é celebrada em Pernambuco, numa festa que reúne integrantes não só do estado, mas de vários lugares do país. Batizada de Kipupa Malunguinho, a celebração acontece na Mata do Catucá (Matas de Pitanga II, Sítio de Juarez, em Abreu e Lima), neste domingo (27), das 9h às 18hs. Juremeiros e juremeiras consideram este local o altar sagrado da Jurema, onde moram todas as divindades e entidades ligadas ao culto.
“O objetivo do Kipupa é congregar o povo de terreiro e, sobretudo, o povo da Jurema em torno da história de Malunguinho, que é um herói da luta por liberdade dos negros e indígenas em Pernambuco”, diz o pesquisador Alexandre Lomi Lodó, que é também um dos organizadores do evento, cujo tema deste ano é 1835 – 2015 Malunguinho Histórico e Divino, 180 anos resistindo!
Segundo o religioso, o momento é de celebração, mas também de afirmação política, pois sua realização acende a discussão de problemas (pertinentes a todas as religiões de matrizes africanas e indígenas de modo geral), como a intolerância e o racismo. “A Jurema ainda é uma religião que sofre muita discriminação e racismo. Ainda é subjugada pela academia como apêndice das demais religiões, e o povo da Jurema, apenas nos últimos 12 anos que despertou para sua importância. Isso só foi possível por causa do trabalho do Quilombo Cultural Malunguinho”, diz Lomi Lodó.
O Quilombo Cultural Malunguinho é um projeto criado por Lomi Lodó que tem na internet seu principal meio de atuação e militância. Através de um blog, Lomi Lodó reúne artigos de estudiosos, publica serviços sobre festas, seminários e encontros diversos, o que tem contribuído para disseminar informações, acabando com o desconhecimento sobre o tema e, consequentemente, diminuído preconceitos e estreitado o contato entre todos os praticantes da Jurema em território nacional.
“O trabalho de 12 anos do Quilombo Cultural Malunguinho, a partir da internet, tem sido um veículo de disseminação desta religião que sempre sofreu profundo desprezo pela academia. A Jurema sempre esteve presente no Nordeste, mas o Brasil ainda não a conhece como deveria. Em alguns campos, a religião sequer é conhecida como religião. Muita gente ainda confunde o culto da Jurema com a Cabocla Jurema, que ‘baixa’ na umbanda. Não sabem que é uma religião complexa e que existe em grande número nos estados do Nordeste, principalmente em Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte”, diz Lomi Lodó.
Além de oferendas e cachimbadas – práticas comuns na Jurema – a festa abre espaço para apresentações artísticas, dentro da mata. Para este ano, estão confirmadas as presenças dos grupos Bongar, Pandeiro do Mestre, Coco de Pareia e Grupo Raízes. Os que quiserem levar seus instrumentos também poderão fazê-lo.
Imagens de todas as edições da celebração, podem ser conferidas no flickr do Kipupa Malunguinho.
Serviço:
X Kipupa Malunguinho – 1835 – 2015 Malunguinho Histórico e Divino, 180 anos resistindo!
Quando: Domingo (27), das 9h às 18h
Onde: Matas de Pitanga II, Abreu e Lima/PE (Sítio de Juarez)
Como chegar: A organização do evento está providenciando ônibus, que saem da Igreja do Carmo, no centro do Recife, às 7h. O valor da ida e volta para o mesmo local é R$: 30. Os bilhetes podem ser comprados no box de Eliane, dentro do Mercado de São José.
Mais informações: 99901-3736 / 98887-1496 / 99525-7119
E-mail: quilombo.cultural.malunguinho@gmail.com

