Pular a navegação e ir direto para o conteúdo

O que você procura?
Newsletter

Notícias cultura.pe

Lia de Itamaracá: 80 anos de majestade de mãos dadas com o público

Rainha da Ciranda comemora oito décadas de vida com homenagens no Estado e pelo Brasil

Ytallo Barreto/Divulgação

Ytallo Barreto/Divulgação

A Rainha da Ciranda, Lia de Itamaracá

“Eu estava na beira da praia/ouvindo as pancadas/das águas do mar…” Não tem um pernambucano que não tenha completado os versos dessa música na cabeça. Existem controvérsias sobre a autoria da mais famosa das loas de ciranda, mas não sobre quem ela fala: Maria Madalena Correia do Nascimento, Lia de Itamaracá, Patrimônio Vivo de Pernambuco.

Exatamente há oito décadas, no Litoral Norte de Pernambuco, nascia uma majestade. A Rainha da Ciranda completa 80 anos nesta sexta-feira (12) com toda a pompa e circunstância merecida. O festival O Canto da Sereia, que segue até o domingo (14), na Praia de Jaguaribe, na Ilha de Itamaracá (PE), celebra o legado da artista em sua terra natal.

Em sua terceira edição, o festival chega em um formato especial que dialoga com todas as linguagens artísticas que Lia inspira com sua ciranda: música, dança, religiosidade, audiovisual, moda e literatura, além de muita festa. Realeza da mais democrática e diversa das danças, conquistou seu espaço na música brasileira depois de décadas de trabalho.

O Canto da Sereia conta com incentivo do 6º Edital do Programa de Fomento à Produção em Música de Pernambuco do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura) 2021/2022 e apoio do Governo de Pernambuco, por meio da Secretaria Estadual de Cultura (Secult-PE) e Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). Também conta com apoio da Prefeitura de Itamaracá, por meio da Secretaria Municipal de Turismo, do Sesc Pernambuco, e da Prefeitura de Natal (RN).

“Eu me interessei pela música com 12 anos de idade. Com 19 anos assumi a responsabilidade de cantar, gravar e ganhar o mundo com a música. Na minha família ninguém canta, ninguém dança. Só eu que nasci com esse dom de cantar”, contou a cirandeira.

Filha de um agricultor e de uma empregada doméstica em uma família grande, com 18 irmãos, Lia ainda menina precisou largar os estudos para trabalhar. Aos 11 anos já fazia serviços na casa do patrão de sua mãe, local em que morou por mais de dez anos.

Foi só as 20 anos que a cantora conheceu a ciranda, ritmo que marcou toda sua trajetória e que a fez conquistar o posto de majestade. “Aqui não tinha ciranda. Só coco de roda, cavalo marinho, maracatu. Quando eu queria ver ciranda ia lá para o Pátio de São Pedro (Centro do Recife) ver alguma coisa para poder fazer a minha linha a partir dos mestres da ciranda”, relembrou sentada na varanda da Embaixada da Ciranda, em Itamaracá.

Questionada sobre o ritmo que ajudou a levar para o mundo, a cantora é taxativa: “Ciranda é uma dança de roda muito importante. Ela não nenhum preconceito. Dança todo o mundo. Começa com as crianças e vai até os adultos. É uma confraternização maravilhosa em que todos dão as mãos”.

Não é para qualquer um chegar aos 80 anos vivendo o pleno auge da carreira, com homenagens por diversos setores de nossa cultura. “As homenagens são maravilhosas e o mais importante é que estão vindo enquanto estou viva. Isso é o que mais me deixa feliz”, garantiu.

Além de ser a homenageada do Carnaval de Pernambuco, a mestra cirandeira é enredo de escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo e já foi tema de inúmeras exposições pelo País.

“O que eu sinto quando estou no palco cantando ciranda é felicidade e tranquilidade. É a melhor coisa do mundo para mim”, afirmou. Cantando, Lia já foi para França, Holanda, Portugal, Alemanha, Inglaterra e muitos outros países sempre levantando a bandeira da cultura popular de Pernambuco.

< voltar para home