Literatura e cultura popular envolvem estudantes de Carpina
Projeto Outras Palavras segue sua itinerância pelo estado
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O projeto Outras Palavras chegou à cidade de Carpina nesta quarta-feira, 31 de maio. O encontro aconteceu no auditório da Escola Técnica Estadual Maria Eduarda Ramos de Barro, com presença do autor vencedor do Prêmio Pernambuco de Literatura, Rômulo César Melo. Um bate-papo com o escritor e ainda uma vivência com o Patrimônio Vivo de Pernambuco, Mestre Zé Lopes, animaram a programação.
A vice-presidente da Fundarpe, Antonieta Trindade, deu as boas-vindas: “É com imenso prazer que nós, que fazemos a Fundarpe e Secult-PE, trazemos mais uma edição do projeto Outras Palavras para Carpina. Sou professora da rede estadual e vejo este projeto como uma oportunidade de ampliar nosso conhecimento artístico e cultural. Quero sugerir que aproveitem para extrair o máximo que esta oportunidade tem a oferecer.” Como em todas as edições, kits literários foram entegues pela gestora aos representantes das escolas da região.
As atividades começaram com o aluno da ETE Maria Eduarda Ramos de Barro, Evandro cantando “Medo”, uma composição fruto de atividade em sala de aula. Em seguida, o coral da escola apresentou “Aquarela”, de Toquinho. A escola continuou surpreendendo ao apresentar Duda, aluna que começou a escrever aos 13 anos e já tem sete livros de sua autoria: “Me sentia muito sozinha, então resolvi escrever, vi ali a oportunidade de colocar no papel tudo aquilo que sentia”.
A programação continuou com o momento cinema, exibindo o curta “A Hora da Saída”, produzido por alunos da Escola Estadual Santa Paula Frassineti, durante o curso de iniciação ao audiovisual do projeto Cine Cabeça, com direção de Cynara Santos e Gabriela Freitas e roteiro de Lucas Cintra e Vitor Vinícius.
Diferente das outras edições, antes do momento literário, o Mestre Zé Lopes encantou e divertiu a todos com sua apresentação. Com variações de personagens, o mestre arrancou gargalhadas do auditório com teatro de mamulengos. José Lopes da Silva Filho é um dos mamulengueiros mais conhecidos do Brasil. A paixão pelos bonecos surgiu logo cedo, aos 12 anos já havia criado seu primeiro boneco. Nascido em Glória do Goitá, percorreu o Brasil e Europa apresentando seu show “O Mamulengo Teatro do Riso”. José fez questão de ressaltar o Mestre Solon, Patrimônio Vivo de Carpina e falou da importância de ser também um Patrimônio Vivo do Estado: “Fiquei muito feliz com o título, pois é um reconhecimento do meu trabalho”.
BATE -PAPO LITERÁRIO
Recifense de 39 anos, formado pela Faculdade de Direito do Recife – UFPE, procurador federal, poeta e contista. Rômulo César Melo iniciou-se no terreno da escrita participando da oficina de ficção literária de Raimundo Carrero e da oficina literária de Paulo Caldas. Tem publicado o livro de contos ‘Minimalidades’ (2013), com o qual foi um dos vencedores do Prêmio Lima Barreto de Literatura. Já em 2014, lançou o livro de contos “Ao lado do guarda-chuva” e foi um dos vencedores do Prêmio Pernambuco de Literatura, com a obra “Dois nós na gravata”.
Mediado pelo jornalista Marcos Enrique Lopes, o papo com os estudantes fluiu destacando a relação do escritor com a escrita: “Literatura é minha grande paixão, se pudesse viveria de literatura. Escrevo sobre tudo, o conto surgiu porque fiz uma oficina com Paulo Caldas que me fez aprender técnicas nessa categoria, mas não tenho preferência, gosto de escrever. Mas a gente sabe que não é só contar história, precisei aprender técnicas que abriram portas”.
Perguntado se tinha alguma preferência de tema, o escritor comentou: “ Escrevo o que eu gosto de ler, tento me colocar no lugar do leitor e escrever algo que gostaria. Leio muito, o escritor tem que ler muito pra saber o que vai escrever. Gosto de temas variados, gosto de ler temas variados, e como escritor, tento encarar esse desafio de dar ao leitor temas variados para que ele possa rir, chorar, se emocionar, enfim”.
Rômulo falou sobre as adversidades e preconceitos ainda enfrenta: “Escrever é um grande desafio e, muitas vezes, as críticas podem ser instigantes. Qualquer um pode escrever qualquer coisa, mas não é por isso que vai ser um escritor, por isso é um grande desafio. Minha grande referência viva é Raimundo Carrero, foi com ele que comecei a descobrir literatura técnica. Escritor é vaidoso e com Carrero comecei a perceber que não adianta só escrever, tem que estudar literatura e aprender técnicas. Lembro que estava empolgado e exibido com meu primeiro livro, e quando fui mostrá-lo, ele fez algumas críticas negativas, me mostrou os pontos e aprendi demais, ele é uma grande referência para mim”.




