Live da Secult-PE destaca protagonismo de mulheres negras na música pernambucana
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Abrindo as comemorações do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, que acontece no dia 25 de julho, a Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) promove a live “Música e gênero: a força feminina negra em Pernambuco”, que vai ao ar nesta terça-feira (20), às 19h, no canal da Secult-PE no Youtube (www.youtube.com/SecultPE) e também no Facebook (www.facebook.com/culturape).
As convidadas são Gabi da Pele Preta, cantora e atriz caruaruense da nova cena da música pernambucana, e Isaar, cantora com carreira consolidada no Estado. Neste debate sobre o protagonismo negro e feminino na música pernambucana, a mediação fica por conta de Luh Lima, assessora técnica na Coordenadoria de Literatura da Secult-PE e membro do Comitê de Mulheres Negras Metropolitanas de Pernambuco (CMNM-PE).
“Acredito que, em Pernambuco, somos uma potência no que se refere a artistas negras. Temos muitas artistas que fazem da música uma ferramenta política contra as desigualdades raciais, sociais e de gênero. São mulheres com trabalhos independentes e autorais, que ressignificam o ‘fazer música’ no estado e não abrem mão de suas identidades. Todas valorizam e promovem discussões relacionadas à identidade da mulher negra, estejam a sós ou em coletivos”, diz Luh Lima.
Para a coordenadora de Música da Secult-PE, Andreza Portela, não tem como não olhar para nomes como Lia de Itamaracá, Isaar, Beth de Oxum, Gabi da Pele Preta, Una e tantas outras e não pensar na força da mulher negra. “Mulheres que, através do seu talento e do seu trabalho, conseguem produzir uma música de grande qualidade e originalidade e ainda trazer um forte conteúdo de representatividade nas pautas relacionadas a gênero e raça. A gente percebe, ouvindo cada uma delas, que a música produzida em Pernambuco ocupa um lugar importante nessas lutas, devendo ser cada vez mais incentivada e consumida. Essas mulheres precisam ser ouvidas”, fala a gestora.
Segundo Isaar, há um número significativo de mulheres cantando no Estado. “Não tão significativo de mulheres negras, mas há sim um número maior, inclusive vindo da cultura popular, de meninas que cantavam nos maracatus, nos grupos de coco, também compondo e querendo se colocar no mundo. Eu também iniciei meus trabalhos no campo da cultura popular. Acho que é um caminho bem significativo aqui em Pernambuco”.
Gabi da Pele Preta também analisa: “Não dá pra gente achar que, num país que tem mais de 500 anos, em menos de 200 anos a gente vai ter conseguido reparar todas as mazelas do racismo. E, uma delas, é exatamente o epistemicídio, o assassinato de nossas narrativas. Isso tudo é parte de um projeto colonial de silenciar mesmo nossas narrativas. Mas aí eu olho pro meu trabalho, pro trabalho de Luna Vitrolira, de Bione, de Una Martins, de Uana Mahin, de Camila Yasmine, de Luana Tavares, de Isaar, de Sue, de Surama, de Isadora Melo, de Winnie Kássimo, então eu consigo, de alguma maneira, pensar positivo apesar de sermos muito poucas. E eu não falei das orixás: Lia de Itamaracá, Dona Selma do Coco, Marlene do Forró… Eu fico pensando… quantas dessas mulheres ancestrais a gente conta nas mãos, quantas a gente não conseguiu ouvir”.
A cantora, que é feminista e militante dos direitos das minorias, completa: “O projeto de sociedade que se estabeleceu não se preparou para dar voz a essas mulheres – dar ouvidos, né, porque voz sempre tivemos… Não é que não foi falado. É que não houve interesse de ouvir. Mas a gente tem ocupado os espaços assim mesmo. Acho que é altamente desafiador. A gente segue em frente para tentar ocupar, trabalhando para a construção de uma política pública que efetive as nossas narrativas como construção social desse país, com uma contribuição tão rica que a população preta desempenhou na construção de Brasil. Nos permitir cantar as nossas próprias narrativas é um lugar de reparação histórica muito urgente para a construção de uma outra sociedade brasileira, que nos vislumbre enquanto humanidade”.
Diálogos Culturais em Rede
O webprograma “Diálogos Culturais em Rede” é realizado pelo núcleo de conteúdo digital da Secretaria de Cultura de Pernambuco, trazendo, sempre às terças-feiras, debates sobre temas relevantes da cultura pernambucana e nacional. A live vai ao ar tanto no canal da Secult-PE no Youtube, quanto no Facebook, onde fica gravada.
Participantes
Isaar
Ex-integrante da banda Comadre Fulozinha, Isaar já cantou com nomes como Antônio Carlos Nóbrega e Naná Vasconcelos e gravou dois discos com Dj Dolores. Fez parte de projetos de Ariano Suassuna e de peças de José Celso Martinez. Em 2010, ganhou o Prêmio Pixinguinha. Cantou no encerramento das Olímpiadas em 2016. Integra o coletivo de mulheres “A Dita Curva”.
Gabi da Pele Preta
Publicitária, professora, atriz e cantora, Gabi da Pele Preta é natural de Caruaru (PE). Ativista das causas feministas e da negritude, é intérprete de composições de nomes como Juliano Holanda, Alexandre Revoredo, Joana Terra, Isabela Moraes, Fernanda Limão, Ezter Liu, Isadora Melo e Caio Meneses. Participou de festivais como Janeiro de Grandes Espetáculos, No Ar Coquetel Molotov 2017, Macuca das Artes, Rec Beat, do Festival de Inverno de Garanhuns (FIG) e da Mostra Reverbo. Além de seu trabalho solo, é backing vocal da banda Cordel do Fogo Encantado e Azulão.
Mediadora
Luh Lima
Luciana Lima é graduada em Pedagogia, pós-graduada em Gestão e Produção Cultural e mediadora de leitura. Atualmente está como assessora técnica na Coordenadoria de Literatura (Secult-PE). É membro do Comitê de Mulheres Negras Metropolitanas de Pernambuco (CMNM-PE), no âmbito da Secretaria da Mulher.
Serviço
Live “Música e gênero: a força feminina negra em Pernambuco”
Quando: 20 de julho de 2021 (terça-feira), às 19h
Transmissão: youtube.com/secultpe | www.facebook.com/culturape
