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Live da Secult-PE discute o protagonismo feminino na cultura

Pernambuco está entre os estados de maior produção cultural do país. Nesse mercado, a participação formal das mulheres é de 41%, segundo dados do Ministério da Economia. A média salarial delas é de R$ 2.015, ainda inferior ao que é pago aos homens, cuja média é R$ 2.293. Alguns indicadores sugerem também que as mulheres ocupam mais a base desses serviços, ficando os cargos e funções de mais destaque para os homens. O protagonismo da mulher nas manifestações, produtos, serviços e produção da cultura também é uma situação que precisa ser cada vez mais estimulada, fortalecida e oferecida, se o que queremos é promover a igualdade e a valorização, também no contexto da cadeia da cultura.

Neste 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, não poderíamos deixar passar o debate. Por isso, o webprograma Cultura em Rede da Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) transmite nesta terça-feira (8), às 19h, a live “Feminismos, Arte e Política”. As convidadas são as artistas pernambucanas Flaira Ferro e Luna Vitrolira que, para além dos seus diversos projetos solos, estão juntas no espetáculo A Dita Curva”, com mais outras mulheres igualmente potentes em suas criações (Aishá Lourenço, Isaar, Isadora Melo, Lais de Assis, Sofia Freire, Paula Bujes, Una e Ylana Queiroga).

“É um espetáculo que reúne dez mulheres no mesmo palco, uma obra coletiva de muita potência, com diversidade de corpos, vozes, expressões, que se propõe a ressaltar a criação individual de cada participante e a força do feminino. O Dita Curva é ainda um espetáculo promovido pelo Funcultura da Música, tanto na etapa da circulação do show, quanto no disco. O que revela a importância das políticas públicas para promoção da igualdade de gênero, o que no setor cultural, em Pernambuco, temos visto a partir dos editais da Secult-PE e Fundarpe”, diz a jornalista Michelle de Assumpção, que mediará a conversa.

CONVIDADAS

Formada em Comunicação Social, Flaira Ferro é cantora, compositora e dançarina. Foi aluna do lendário mestre Nascimento do Passo. Circulou por festivais no Brasil e no exterior. Realizou espetáculos com a Escola Municipal de Frevo do Recife, integrou a Antonio Nóbrega Cia de Dança (SP) e trabalhou nos espetáculos do Instituto Brincante, onde ministrou aulas de danças brasileiras de 2012 a 2016. Além de cantora, compositora e bailarina, Flaira desenvolve projetos de arte-educação e ministra cursos de música, dança e poesia por todo o país.

A “Dita Curva” surgiu de um convite a Flaira para apresentar um show no Janeiro de Grandes Espetáculos. Sob influência de trabalhos com artistas mulheres que havia assistido em São Paulo, imersa em estudos e debates que tratavam do universo feminino e das necessidades das mulheres se colocarem, ela propôs o trabalho inédito de reunir dez artistas. Foi convidando musicistas, compositoras e cantoras com quem já havia dialogado artisticamente.

“Quisemos criar um espaço de acolhimento e de escutas para nossas narrativas. A arte é uma poderosa ferramenta de transformação social porque mexe com a subjetividade humana, é essa ponte entre a vida material e imaterial. O frevo foi minha primeira linguagem para compreender a cidade, as questões sociais, a questão da resistência política”, coloca Flaira.

Se no primeiro trabalho autoral, “Cordões Umbilicais”, ela trata de questões de autoconhecimento, no segundo, “Virada na Jiraya”, a artista dá seu grito político. “Trata do universo da mulher como a sexualidade, a liberdade sexual, o machismo, as questões de condução de nossa autonomia, a raiva como uma ferramenta importante para o não adoecimento e conformismo”, coloca.

Luna Vitrolira é escritora, poeta, cantora, atriz, performer, apresentadora, pesquisadora e Mestra em Teoria da Literatura (UFPE). Desenvolve pesquisa acadêmica com ênfase em poética das vozes e poesia de improviso. É autora do livro “Aquenda- o amor às vezes é isso”, finalista do prêmio Jabuti 2019. É também idealizadora dos projetos itinerantes “Estados em Poesia”, “De repente uma Glosa” e “Mulheres de Repente”.

“Quero trazer o fato de ser mulher negra. Esse é o dia de qual mulher, de que tipo de mulher, qual a memória está sendo celebrada? Porque a mulher negra não entra nesse panorama, porque esse feminismo não dá conta desses outros corpos. A mulher preta perdeu sua humanidade com o racismo estrutural. Então, quando se reivindica por direitos iguais no trabalho, a mulher negra sempre trabalhou. Então, de qual mulher estamos falando?”, questiona Luna.

POLÍTICA CULTURAL

Segundo dados da Secult-PE, dos sete editais lançados com recursos da Lei Aldir Blanc, dois deles tiveram grande presença de proponentes autodeclaradas mulheres, cis ou trans, com 51,5% de participação no edital “Criação, Fruição e Difusão” e 41,4% no “Formação e Pesquisa”. “Esses dados indicam a importância dos indutores para a garantia de um processo inclusivo. Uma experiência muito importante e exitosa que foi colocada em prática no dia-a-dia da gestão da Secult-PE/Fundarpe e que também está presente em editais, a exemplo do Funcultura, como forma de garantir oportunidades iguais para as produtoras culturais do Estado”, explica Silvana Meireles, secretária-executiva de Cultura de Pernambuco.

Nos outros editais do Funcultura (Geral, Música e Microprojeto Cultural), a democratização dos recursos disponibilizados também acontece pelo perfil de gênero, por meio de uma pontuação específica que se traduz em números: no caso do Funcultura Geral (2019-2020), por exemplo, 44,7% dos aprovados foram identificados pelo gênero feminino.

No edital do Funcultura do Audiovisual 2019/2020, um número importante foi o de mulheres nos cargos de direção e de roteiristas das obras audiovisuais aprovadas. As pessoas identificadas com o gênero feminino que ocupam estas funções representam 46,5% do total dos dois editais. Para profissionais negros(as) nestas mesmas funções a taxa é de 33%.

No 14º Edital, em 2021, que era apenas de Produção de Longa-metragem e Produtos para TV, diversidade racial e de gênero foi destaque, pois 47,4% dos projetos aprovados apresentavam pessoas autodeclaradas negras ou indígena na função de diretores ou roteiristas. Nestas mesmas funções tivemos o total de 68,4% de mulheres.

O Funcultura da Música também faz o recorte de gênero para estimular a liderança nas mulheres nos projetos do setor. No final de 2021, quando divulgou o resultado do 5º edital, 74% dos projetos aprovados foram propostos por pessoas autodeclaradas negras e no recorte de gênero, 54% das iniciativas foram apresentadas por mulheres.

Serviço
Live “Feminismos, Arte e Política”, com Flaira Ferro, Luna Vitrolira e Michelle de Assumpção (mediação)
Quando: 8 de março de 2022 (terça-feira), às 19h
Transmissão: youtube.com/SecultPE | facebook.com/culturape

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