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Música brasileira e nordestina perde Mestre Biano

Músico que com suas criações no pífano influenciou movimentos como a Tropicália e o Manguebeat faleceu em São Paulo, aos 103 anos de idade

A música popular brasileira perdeu uma de suas influências nordestinas mais importantes: aos 103 anos, partiu o músico Sebastião Biano, único membro ainda vivo da tradicional Banda de Pífanos de Caruaru. Originalmente chamado de Zabumba de Seu Manoel, e fundado em 1924, no município de Olho D’água, em Alagoas, a banda ficou conhecida quando a família de Biano, após vagar pelos interiores de Alagoas e Pernambuco, fixou residência em Caruaru. Eles começaram tocando na feira popular mais famosa do Brasil, e ficaram conhecidos no mundo todo como Banda de Pífanos de Caruaru.

Das coincidências misteriosas da vida: um dia depois de sediar a titulação das bandas de Pífano como Patrimônio Imaterial de Pernambuco, Caruaru e Pernambuco receberam a notícia da partida de Mestre Biano. A Secretaria de Cultura de Pernambuco, que recebeu e homologou o pedido de titulação das bandas de Pífano de Pernambuco, lamenta profundamente a partida do Mestre Biano e quer honrar a sua memória, a partir da valorização dessa arte, que estará ainda mais visibilizada com a titulação que lhe foi conferida.

O fato de ter se destacado, dentre tantas bandas existentes no Nordeste, é creditado a alguns fatos. Entre eles, porque foi um compositor, além de somente tocador de pífano. Depois porque foram apadrinhados por ninguém menos que Gilberto Gil e depois Caetano Veloso. Gil conheceu a banda quando veio tocar em Pernambuco e pediu para ir a Caruaru, ouvi-los tocar, após escutar sua música em uma rádio. Depois desse encontro com Gil, que passou a divulgar a banda em seus depoimentos, eles gravaram seu primeiro LP. Depois a banda gravou mais seis discos e Sebastião Biano também fez um trabalho solo, sendo o primeiro em 2015.

Na visita, Gil conheceu a música Pipoca Moderna, de Sebastião Biano, que ele gravou no disco Expresso 2222, lançado em 1972. Em 1975, Caetano Veloso colocou letra na música e a lançou no álbum Jóia. Em 1976, a Banda de Pífanos de Caruaru regravou a canção, com a letra de Caetano, em seu terceiro disco. Duas décadas depois, em 1996, ela também foi regravada pelo Mestre Ambrósio, um dos grupos expoentes do mangue, no álbum de estreia.

O legado de Sebastião Biano é vasto e sua obra eterniza a sua presença na música nordestina que atravessa territórios para contar ao resto do mundo sobre os símbolos e significados do território tocado pelo mestre.

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