Neste sábado, 10 de junho, é comemorado o Dia da Língua Portuguesa
A data homenageia o idioma e marca o aniversário de falecimento de Luiz Vaz de Camões
Postado em: Literatura
Por Clara Albuquerque
Amanhã, 10 de junho, é celebrado o Dia da Língua Portuguesa. A data homenageia o poeta português Luiz Vaz de Camões, cujo falecimento está completando 437 anos. Foi criada por uma determinação da Assembleia da República de Portugal, em 1981, instituição política que, no Brasil, corresponde à Câmara de Deputados. Segundo dados do site da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa (CPLP), o português é a língua oficial de nove países: Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Guiné Equatorial. É também o terceiro idioma mais falado entre as línguas ocidentais, depois do Inglês e do Castelhano.
Duzentos e cinquenta milhões de pessoas, aproximadamente, falam o português como primeira língua. De acordo com a coordenadora de Literatura da Secretaria de Cultura de Pernambuco, Mariane Bigio, nossa língua carrega a nossa história. “É mestiça, como nós somos. Revela, para além da beleza canônica da sintaxe lusíada, como diria Manoel Bandeira em sua Evocação, um certo fardo de dominação e opressão. Mas evoca também, e creio que principalmente no Nordeste, os indícios de resistência dos povos indígenas e africanos. Falamos o português. Do Brasil”, diz ela.
Em Pernambuco, diversos são os trabalhos culturais realizados que possuem uma forte ligação com a Língua Portuguesa. O Ponto de Cultura Escola de Poesia da Associação dos Poetas e Prosadores de Tabira (APPTA) é um exemplo deles. A entidade cultural foi responsável pela inscrição do poeta Dedé Monteiro ao título de Patrimônio Vivo de Pernambuco. Referência na poesia pernambucana, Dedé tem quatro livros autorais publicados: Retalhos do Pajeú (1984), Mais um baú de retalhos (1995), Fim de feira (2006) e Meu quarto baú de rimas (2010). Foi desafiado pela amiga Maria do Carmo Viana, poeta e professora da região, que produziu uma de suas poesias mais famosas:
“Miçanga, fruta, verdura,
Milho feijão e farinha,
Bode, suíno, galinha,
Miudeza, rapadura.
É esta a imagem pura
De uma feira nordestina
Que começa pequenina,
Dez horas não cabe o povo.
E só diminui de novo
Depois que a feira termina”
(FIM DE FEIRA, 2006)
As atividades do Ponto giram em torno da realização de Oficinas de Poesia direcionadas a um público formado por estudantes de escolas públicas da região do Sertão do Pajeú. “Muitas oficinas acontecem, inclusive, dentro das escolas. Nós estruturamos duas etapas, neste processo: a primeira corresponde à teoria com a exposição de conceitos e interpretações de texto, a segunda é mais prática com direito a produção”, explica a presidente da APPTA, Elizângela Soares do Nascimento.
As oficinas possuem uma média de duas horas de duração e são ministradas por membros da APPTA e repentistas da cidade. Os estudantes recebem orientações sobre as técnicas utilizadas na poesia como métrica e rima. Também trabalham com postura e impostação de voz para declamar com direito a ensaios que trabalham a linguagem do corpo fazendo um diálogo com as técnicas do Teatro. Artistas e contadores da região, também, enriquecem as oficinas com relatos de suas experiências. Cento e cinquenta estudantes, aproximadamente, já participaram do projeto. “A Língua Portuguesa é primordial. Nós vivemos em torno do que ela nos proporciona, precisamos de leitura e interpretação para nos comunicar. Ela é necessária, é importante estudar e analisar o seu uso”, diz Elizângela Soares do Nascimento.
DIA DA LÍNGUA PORTUGUESA – Outras duas datas no ano são, ainda, comemoradas em sua homenagem:
Dia 5 de maio: data instituída pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), através da XIV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros realizada, no dia 20 de julho de 2009, em Cabo Verde.
Dia 5 de novembro: data que homenageia o nascimento do escritor e político Ruy Barbosa que, este ano, se vivo, completaria 168 anos. Foi instituída pela Lei nº 11.310, de 12 de junho de 2006.


