País da Música que passa de geração para geração
De família de músicos, Daniel Olímpio & Djair Olímpio e Taiguara Borges encerraram o palco-caminhão em Gravatá, que teve ainda o grupo Cambucá, os forrozeiros Lucas Pereira e Tomás Henrique e participações especiais
Postado em: PE Meu País
Um dos motivos da perpetualidade da música pernambucana, com autenticidade, é a passagem do conhecimento e do afeto por essa arte de geração a geração. No Festival Pernambuco Meu País é possível observar esse aspeto em diversos polos. Como no País da Música, que na última noite em Gravatá (Agreste), neste domingo (28), começou e encerrou com atrações que refletem essa paixão hereditária: a dupla de cantadores repetistas Daniel Olímpio & Djair Olímpio, representante do município, e o cantor Taiguara Borges, do Alto José Bonifácio (Recife), sambista com o dom da versatilidade tal qual o pai, Elias Paulino, cavaquinista do gênero instrumental e um dos fundadores do Grupo Terra. A despedida do palco-caminhão da cidade contou ainda com o forró de Lucas Pereira e de Tomás Henrique e o choro e a seresta do grupo Cambucá, todos da terrinha.
Para encerrar um polo como o País da Música tem que ser em grande estilo. E foi assim que Taiguara Borges subiu no palco. Numa espécie de versão 2.0 do Grupo Terra (ou Grupo Terra Júnior), o cantor e sua banda trouxeram sua versão revisitada do samba pós-anos 1990 acrescida das referências de sua geração. Logo na abertura fez uma introdução dando o toque do samba com muito soul e suingue e até uma pitada de rap e hip hop.
No repertório, Taiguara Borges mostrou cações autorais com a mesma desenvoltura de standards de bandas que são referências para seu trabalho, como Grupo Raça e Revelação. E foi além. Acertou muito quando esbanjou versatilidade em versões para temas consagrados de Cazuza, Alceu Valença, Dominguinhos, Chico Sciense & Nação Zumbi, Lenine, Nena Queiroga e André Rio.
E por falar em repertório, taí algo que a dupla Daniel Olímpio & Djair Olímpio de tem de sobra. Encarregados de abrir os trabalhos no País da Música neste domingo, pai e filho deram uma verdadeira aula de tudo o que faz parte do universo dos cantadores. Na base do improviso peculiar ao gênero mostraram repentes, canções, poemas e poesias declamadas despertando a curiosidade do público, sobretudo visitante, pois quem é de Gravatá já conhece bem a dupla e esse estilo musical.
E conhece bem também o forró, que teve no caminhão-palco, na mesma noite, duas atrações locais que colocaram o povo para dançar. A primeira delas foi o cantor e acordeonista Lucas Pereira, que apostou no formato garantido, com clássicos do gênero, do pé de serra aos xotes modernos e estilizados que ficaram famosos nas vozes de Luiz Gonzaga, Flávio José, Petrúcio Amorim, Flávio Leandro e Gilberto Gil e com a banda Mastruz com Leite. Foi outro artista que prestou homenagem a Alceu Valença, atração do polo Pernambuco Meu País, na mesma noite, cantando Maria dos Santos (parceria com Don Tronxo).
O também forrozeiro Tomás Henrique apresentou seu forró bregão, com canções em que prevalece a referência da música brega. O show contou ainda com a participação da cantora Vera Freitas, do município de Pombos (também no Agreste), que agregou ainda mais valor ao repertório com sucessos de Alcymar Monteiro, Jacinto Silva, Elba Ramalho e de seu saudoso conterrâneo Vanildo de Pombos, a quem fez um tributo interpretando Um Galope Galopado.
O clima de reverência também prevaleceu na apresentação do experiente grupo Cambucá, que revisitou com segurança e desenvoltura standards do choro e da seresta com participação da cantora Rosy Aguilar. No repertório, temas de Waldir Azevedo, Sérgio Bittencourt, Sílvio Caldas e Nelson Gonçalves.