Pernambuco Meu País no REC’n'Play começa com Quarta-Feira de Multicores
No primeiro dia do festival subiram ao palco Maracatu Encanto do Dendê, Jáder, Otto (com Junio Barreto) e Estesia (com maestro Spok)
Postado em: Música | PE Meu País
Foi o contrário de uma Quarta-Feira de Cinzas (aquela, ingrata). Maracatu, forró, brega, frevo, tecnologia, criatividade e inovação… Adivinhe: o que tudo isso tem a ver? É o Palco Pernambuco Meu País no REC’n'Play Festival, no Bairro do Recife, onde, nesta quarta-feira (6), apresentaram-se o Maracatu Encanto do Dendê, os cantores Jáder e Otto (este com participação especial de Junio Barreto) e a banda Estesia (abrilhantada pelo maestro Spok). Uma noite de multicores visuais e sonoras prestigiada em peso pelo público. O evento segue até sábado (9), ancorado no cais da Avenida Alfredo Lisboa, entre o Centro Cultural Cais do Sertão (Armazém 11) e o Centro de Artesanato de Pernambuco (Armazém 10).
A cultura popular, tanto em sua veia tradicional, quanto no que se convencionou a chamar de pop, tornou-se uma marca da experiência Pernambuco Meu País, nas oito edições em que o percorreu o Agreste e o Sertão pernambucano, de julho a setembro deste ano. Em sua estreia no Recife não poderia ser diferente.
Coube ao Maracatu Encanto do Dendê, uma das atrações da etapa no município de Bezerros fazer as honras so start na capital. Gerado no período de 1998 a 2010, em Jaboatão dos Guararapes, esse maracatu nação ressurgiu em 2020, em plena pandemia, reivindicando sua voz pela religiosidade e cultura de periferia. Sob o comando de Mestre Danilo, um grupo de 54 integrantes, com idade entre 2 e 70+, deu seu recado colocando para gerar o Palco Pernambuco Meu País no REC’n'Play Festival.
Pernambuco Meu País e REC’n'Play Festival, aliás, parece a combinação perfeita para atrair uma plateia inteligente, que não chegou ali por acaso. Pela reação das pessoas, elas conheciam bem os artistas e lá estavam por eles e pelas propostas deles.
O cantor Jáder subiu ao palco na sequência, apresentando um repertório que passeou por forró com influência de techno brega, seguindo de releituras de bastiões como Petrúcio Amorim e Accioly Neto, e do chamado forró das antigas das bandas Cavalo de Pau e Magníficos, até João do Morro. Tudo isso embalado – e bote embalado nisso, em todos os sentidos -, com muita alegria, diversão e ironia.
Já Otto, todo mundo sabe, são quatro letras que dispensam apresentação. Um ano após sua estreia com om show em que faz tributo ao Rei do Brega, Reginaldo Rossi, o galego está cada vez mais instigado. E, junto com sua banda de virtuosos, ainda mais azeitado. Começou já disparando sucessos como Tão Sofrido, Um Romance Que Ninguém Leu, Leviana, Eu Queria Te Odiar e Quando Você Foi Embora. Parecia o show perfeito. Aí chamou Jáder para fazer Em Plena Lua de Mel, depois emendou Desterro e A Raposa e as Uvas. Aí foi a vez de Junio Barreto, que cantou Garçom e suas autorais (Coração Preto e Passione). Sim, era o show perfeito.
A partir de então Otto entrou num modo que definiu como “outro nível” de Reginaldo Rossi, a banda imparável em ritmo de medley e pout-pourri: As Quatro Estações; Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme; Amor, Amor, Amor; Itamaracá; Recife Minha Cidade; e, para encerrar, Deixa De Banca (Borogodá), mais uma vez com Junio e com Victor Camarotti. Uma loucura. Só estando lá para realmente entender o que aconteceu. E o espaço entre o Cais do Sertão e o Centro de Artesanato completamente tomado. Extasiante.
E uma Quarta-Feira de Multicores como essa não poderia terminar diferente. É claro que rolou o frevo. Mas de uma forma diferente. Frevo estilo REC’n'Play, reconstruído à moda Estesia, banda synth pop que também transita pelos ritmos pernambucanos. E como transita. Para o Palco Pernambuco Meu País trouxe ninguém menos como convidado especial o maestro Spok. E tome Madeira que Cupim Não Rí, tome Hino de Batutas, Último Regresso, Voltei Recife. Isso encaixado entre temas próprios e releituras personalíssimas como a versão transcendental de Chorando e Cantando, sucesso de Geraldo Azevedo, além de Ciranda de Maluco, Fui Humilhado e Louca, hits de Otto, Academia da Berlinda e Banda Kitara, respectivamente.
Foi só o primeiro dia do Palco Pernambuco Meu País no REC’n'Play Festival. Até sábado (9) muitas surpresas vão rolar.