Poema de Ana Gábri ganha formato sonoro em lançamento na Casa Lontra
O projeto tem incentivo do Governo do Estado de Pernambuco através do Funcultura
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No domingo, 9 de novembro, às 18h, a Casa Lontra recebe o lançamento da publicação sonora Vórtices Errantes, novo trabalho da artista-pesquisadora Ana Gábri. Após a audição da obra, o evento promove a roda de conversa “Um registro pode produzir presente?”, com participação de Ana Gábri, Yuri Bruscky, Misty Queiroz e Thais Gui, sob mediação de Raian Oliveira. O projeto conta com incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, por meio da Secretaria de Cultura e da Fundarpe, através do Funcultura (Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura).
Fruto de uma pesquisa sobre o erro e modos não convencionais de publicação, Vórtices Errantes nasce do desejo de publicar poemas fora do papel — primeiro com o corpo, em performance, e agora pela voz, como experiência sonora e sensorial. Em agosto, o projeto realizou uma gravação pública no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam). Neste segundo momento, o resultado desse registro será lançado no evento e disponibilizado nas plataformas Bandcamp e YouTube.
“É uma alegria esse momento: colocar um poema no mundo, com voz, um trabalho que pretende criar experiência e foi criado também a partir da experiência e dos inevitáveis erros que surgem enquanto são evocados”, explica Ana Gábri.
Pensada como desdobramento das questões levantadas pela obra, a roda de conversa propõe refletir sobre o erro, o experimentalismo e o improviso como dispositivos poéticos e políticos, investigando de que forma um registro pode gerar presença, movimento e continuidade. Além da autore, participam o artista visual Misty Queiroz, autor da fotografia de capa; Thais Gui, responsável pela captação e masterização; e Yuri Bruscky, artista e diretor do projeto Estranhas Ocupações, selo que abrigará a publicação em parceria com a Edições Marafas.
A publicação sonora convida o público a uma imersão acústica, em que a poesia é atravessada por ruídos, ecos e dissonâncias da guitarra de Fernando Remígio em diálogo com a voz de Ana Gábri — uma obra singular e não convencional, que se move entre os campos editorial e musical. A decisão de lançar o trabalho fora de plataformas de streaming também é uma aposta em manter uma coerência ética do projeto, ao priorizar plataformas que valorizam e remuneram de forma mais justa artistas independentes, bem como proporcionar um acesso mais amplo ao também disponibilizar o arquivo para download gratuito.
Concebido inicialmente como uma performance itinerante, Vórtices Errantes já passou por espaços como a Casa Lontra, o Ateliê Ex-Libris (Edifício Texas) e a Kaza Ruta, reunindo públicos das artes literárias, visuais e experimentais. Em diálogo com tradições da sound poetry, da poesia concreta, do dadaísmo, do futurismo e das práticas do Fluxus, a obra está entre som, corpo e palavra, com a intenção de expandir a experiência poética e refletindo sobre circulação e acessibilidade da poesia contemporânea.
“A primeira vez que decorei um poema, e acho que isso tem a ver com a experiência, foi ouvindo Amor I Love You, quando, no meio da música, Arnaldo Antunes recita um trecho de O primo Basílio, de Eça de Queiroz. Sem pensar ou saber bem ainda o que era um poema, mas era aquela voz recitando: “Cada passo conduzia a um êxtase / E a alma se cobria de um luxo radioso de sensações”. Ainda pré-adolescente, pirralha mesmo, acho que foi uma das primeiras catarses com poesia, o contato com um trabalho que me atravessa até hoje e que me veio através da voz”, relembra Ana Gábri.
Serviço:
Lançamento de Vórtices Errantes &
Roda de conversa “Um registro pode produzir presente?”
Domingo, 9 de novembro | 18h
Casa Lontra — Rua Bispo Cardoso Ayres, 72, Boa Vista, Recife – PE
Entrada gratuita
Instagram: @edicoesmarafass @anagabriaires
