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Secult-PE faz chamada para brincantes retomarem os estudos

Iniciativa tem como objetivo incentivar fazedores e fazedoras de cultura a voltarem à sala de aula

 

Mestre Dedé Vieira, do Maracatu Águia Dourada, de Carpina, e Mestre Luiz Henrique, do Maracatu Pavão Dourado, de Tracunhaém, foram alunos da EJA

Mestre Dedé Vieira, do Maracatu Cambindinha, de Lagoa do Itaenga,  que foi aluno da EJA, e Mestre Bii, do Maracatu Estrela Brilhante, de Nazaré da Mata

 

Por meio do programa Cultura no Plural, a Secretaria de Cultura de Pernambuco (Secult-PE) faz uma campanha para os agentes culturais se inscreverem no programa Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Estado, reforçando junto a brincantes das várias manifestações culturais o convite para retomarem seus estudos.

O ponto de partida acontece nesta terça-feira (20), com o Dia D da EJA Mata Norte, quando começa a chamada pública junto às comunidades da Zona Mata Norte do Estado para a matrícula escolar. Em todas as escolas são vivenciadas atividades em prol da busca ativa de jovens e adultos que não concluíram seus estudos para voltarem a estudar.

A nova gestão do Governo de Pernambuco, através da Secult, criou a Gerência de Educação e Direitos Humanos (GEDH), com a finalidade de promover e efetivar políticas públicas de acesso às possibilidades educativas de criação, produção e fruição de linguagens e expressões artísticas nos diversos territórios culturais do Estado, a partir de uma interface entre cultura e direitos humanos, na perspectiva de refletir sobre a preservação da cultura pernambucana, sobre culturas periféricas e cultura de paz.

Essa é a primeira vez que as pessoas fazedoras da cultura popular recebem essa atenção diferenciada da EJA, com uma busca ativa para os brincantes. “O sonho começa a se realizar: educação para jovens e adultos também para os brincantes da Zona da Mata”, comemora o secretário estadual de Cultura, Silvério Pessoa. Os brincantes muitas vezes deixam de ter a oportunidade de participar de editais porque não têm acesso à leitura e escrita. A maioria deixa de estudar para trabalhar na agricultura, principalmente da cana-de-açúcar.

LIÇÕES DE MESTRES – Natural e Aliança e mestre do Maracatu Águia Dourada, de Carpina, Dedé Vieira, 45 anos, participou da EJA em 2018, na Escola Dom Ricardo Vilela, em Nazaré da Mata, e considera o estudo primordial para os brincantes. “Ser mestre de maracatu no passado era poesia matuta. Hoje evoluiu mais”, conta. “Os brincantes que estão afastados dos estudos eu incentivo a estudar. E aquele que nunca estudou tem a oportunidade de aprender, porque para aprender nunca é tarde”, convoca.

Dedé Veira também faz questão de afirmar que o estudo “é o que dá o caminho ao futuro”. “Tempos atrás abandonei os estudos e mais na frente fez falta”, lembra. “Foi quando corri atrás para resgatar o que perdi. E consegui. Estudei muito, ralei. Chegava cansado do trabalho – porque nesse tempo era trabalhador rural –, para estudar à noite, queria desistir. Mas com esforço a gente chega lá. Tive dificuldade, mas me formei. Hoje tenho a Folha 19 e profissão na minha Carteira de Trabalho, através do estudo e da cultura, que foi o primeiro passo para eu querer estudar para colocar meu português em ordem”, celebra.

Já Luiz Henrique, filho de mestre Huck e mestre do Maracatu Pavão Dourado, de Tracunhaém, concluiu os estudos na Escola de Referência em Ensino Médio Don Vieira, em Nazaré da Mata, e atualmente cursa licenciatura em educação física no Campus Santo Amaro da Universidade de Pernambuco (UPE). “A educação influencia muito no meio cultural. Quando comecei como mestre de maracatu, vi que precisava colocar um português melhor para citar meus versos. Também me interessei mais por fontes de história e geografia”, recorda. “Muita gente tem a visão de que o mestre de maracatu não tem educação. Hoje temos muitos deles com educação e cursando faculdade. É muito importante para nós, para elevar a cultura para um nível mais alto e aprofundar mais”, afirma o brincante.

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