Na noite em que se completou uma década da morte de Dominguinhos, o palco que leva seu nome recebeu uma justa e emocionante homenagem neste primeiro domingo (27/08) do 31º Festival de Inverno de Garanhuns.

Abrindo os trabalhos, o grupo de Garanhuns Cantoria Crua espalhou poesia e encanto sob o embalo de uma fina garoa que logo passou. Formado pelos músicos pernambucanos Adalberto, João Euzé e Neto Sales, a banda desenvolve uma linguagem artística que mistura ancestralidade e vivências pessoais em cada uma das letras.

A proposta do grupo é produzir canções a partir da base tradicional que é a voz e o violão, apresentou músicas de seu primeiro EP Vasto Mar (2021) e algumas inéditas. O Cantoria Crua é um projeto artístico musical que flerta com outras linguagens, o primeiro disco conta com um curta-metragem de apresentação no canal do Youtube oficial da banda.

Em seguida Liv Moraes, filha e herdeira musical do forrozeiro, organizou uma celebração do legado e do valor da obra do artista. “Choram Sanfonas para Dominguinhos” foi uma apresentação especialmente produzida para o FIG, demarcando dez anos de saudade do mestre.

A cantora recebeu em seu show, grandes forrozeiros que foram parceiros de longa data de Dominguinhos ou que são diretamente influenciados pelo trabalho do músico. Participaram da homenagem os sanfoneiros Mestre Genaro, Terezinha do Acordeon, Beto Hortis e Luizinho de Serra.

A aguardada apresentação de Simone Mendes começou logo depois e foi enfileirando um sucesso atrás do outro, sem pedir licença ou aviso prévio, que a cantora iniciou seu show na noite deste domingo (24) no palco Mestre Dominguinhos.

A Coleguinha emendou hits como Erro Gostoso, Foi Pa Pum, Regime Fechado e Loka sem deixar parado o público, que disputou cada milímetro da Esplanada Cultural Mestre Dominguinhos, na noite fria de Garanhuns.

Acompanhada pelos olhos encantados da plateia que cantava em uníssono os sucessos da artista. Ao que Simone imediatamente respondia com dedicação nas coreografias, brincadeiras no palco e o inegável carisma. A cantora que fazia sua estreia no Festival de Inverno de Garanhuns, pediu mais de uma vez durante o show para ser convidada para a próxima edição do evento. Chegando inclusive a intimar publicamente o prefeito da cidade por um convite numa brincadeira.

Além dos sucessos da sua carreira solo e da época de dupla com a irmã Simaria, Simone desfilou uma série de canções de ritmos como sertanejo, piseiro e pop nacional. Músicas como A Maior Saudade de Todos os Tempos (Henrique e Juliano), Americana na Vaquejada (Nattan), e Manda um Oi (Guilherme e Benuto em parceria com Simone Mendes) ganharam nova roupagem na voz da Coleguinha.

Geraldo Azevedo encerrou a noite e foi outro que reverenciou Dominguinhos e celebrou sua obra com uma versão de Eu Só Quero um Xodó, uma das músicas mais conhecidas de Dominguinhos, e ao receber a própria Liv Moraes no palco para uma parceria que emocionou o público.

Além disso, como não poderia deixar de ser, o pernambucano entoou seus clássicos de mais de 40 anos de sucesso. Músicas como Sabiá, Quando Fevereiro Chegar, Dia Branco e Dona da Minha Cabeça não ficaram de fora da festa e esquentaram a noite da praça Mestre Dominguinhos.

Essa é a sexta vez do cantor no palco do FIG, um dos recordistas de participação no evento. Depois de vir ano passado com o celebrado show Violivoz em parceria com Chico César, este ano o cantor trouxe um interessante equilíbrio entre seus grandes hits e músicas menos conhecidas que não tocava há algum tempo.

Um momento inesquecível para quem presenciou foi quando Geraldo tocou Barcarola do São Francisco, canção gravada pela primeira vez em um disco homônimo de 1977, que não fez tanto sucesso na época, mas que ganhou novo entendimento do público com o passar do tempo. O clássico atemporal Táxi Lunar encerrou a noite com pedidos insistentes de bis.

Os shows do Palco Mestre Dominguinhos são transmitidos ao vivo pela TV Pernambuco, a emissora oficial do FIG.