O universo lúdico infantil das crianças do Terreiro Axé Talabi e a utilização do corpo como brinquedo nas vivências coletivas são os temas abordados pelo filme Omodé Àse: Infância e Patrimônio Cultural, já disponível nas plataformas virtuais do Terreiro. O material é fruto da pesquisa contemplada pelo edital de Formação e Pesquisa da Lei Aldir Blanc – PE, e realizada pelo artista e sacerdote Pai Júnior de Odé, membro do conselho religioso da casa.

Durante três meses, o sacerdote registrou em fotografias, áudios e vídeos parte das vivências cotidianas das crianças da comunidade. Os momentos das brincadeiras tradicionais, que utilizam o corpo como brinquedo e como ferramenta de propagação dos saberes e conhecimentos, particularmente, foram os que mais apresentaram correlações com os processos de preservação do patrimônio cultural. Pai Júnior de Odé destaca que fundamentalmente as crianças são muito importantes nos processos de salvaguarda do patrimônio imaterial afro-indígena.

“Geralmente não se inclui as crianças, nem tão pouco se leva em consideração o período da infância nos processos de salvaguarda do patrimônio cultural. Na nossa compreensão, relacionamos as crianças e suas experimentações de mundo, em torno da natureza, dos mais velhos e dos saberes ancestrais, para que seja perpetuado, a partir da oralidade, o que entendemos como patrimônio vivo. Cada criança é um pequeno museu vivo, dinâmico, que está em constante transformação”, acredita Pai Júnior de Odé.

O objetivo da pesquisa foi o de promover a cultura dos povos tradicionais de terreiro a partir da valorização da infância, possibilitando a reflexão acerca das vivências, brincadeiras e do universo cultural participado pelas crianças pertencentes às religiões de matriz afro-indígenas de Pernambuco, que através das transmissões dos valores, saberes, fazeres e narrativas ancestrais, atuam como importantes agentes na promoção da salvaguarda do patrimônio imaterial das comunidades e de suas memórias sociais.

A disponibilização do filme na internet atuará como ferramenta de combate ao racismo na infância e a intolerância religiosa, tão recorrente as crianças de axé, que sofrem violências diversas em diferentes espaços sociais, inclusive nas unidades escolares. Neste sentido, as comunidades tradicionais de terreiros de matriz afro-indígena atuam como espaços de transmissão de valores e saberes baseados na ancestralidade e no respeito à diversidade, onde se aprende o tempo todo, a partir das brincadeiras, vivências e convivências, num conceito amplo de aprendizagem e de experiência.

Onde encontrar o filme

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