FestCine 2017 premia a força e a diversidade do audiovisual pernambucano
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Camila Estephania
A 19ª edição do Festival de Curtas de Pernambuco chegou ao fim na noite deste sábado provando mais uma vez a força do cinema pernambucano. Neste ano, o evento alcançou um dos maiores públicos da sua história, somando cerca de 3.400 espectadores ao longo da semana. A programação, que se iniciou no dia 4 de dezembro, exibiu 69 curtas que teceram um amplo panorama da produção contemporânea do Estado. Realizado pelo Governo de Pernambuco, através da Secult e da Fundarpe, em parceria com a Prefeitura do Recife, o evento trouxe múltiplas narrativas.
Formatos como a ficção, o documentário e o videoclipe, deram voz a diversidade de temas, que debateu diferentes expressões religiosas, políticas e comportamentais. Além de trazer títulos de realizadores experientes na Mostra Competitiva Geral, o evento também abriu espaço para novos diretores com a Mostra Competitiva de Formação. O cuidado em levar pra tela do Cinema São Luiz tantos pontos de vista diferentes sobre a nossa sociedade, também se refletiu nas origens das produções que, indo além do Recife, também abrangeu o interior, tendo representantes de cidades como Belo Jardim, Serra Talhada e Afogados da Ingazeira.
A homenagem ao produtor João Vieira Jr. abriu a cerimônia de premiação do Featival. “Embora esse momento seja de alegria, a gente vive um momento um tanto assustador no país. Acho que nós todos temos que nos unir contra a censura, porque ela é muito danosa, ela silencia e persegue. Quero agradecer a todas as pessoas que colaboraram comigo ao longo dos anos e que ajudaram a construir esses sonhos que a gente chama de cinema”, disse ele, que é considerado um dos principais nome do cenário pernambucano, onde assinou longas como “Cinema, Aspirinas e Urubus”, “Tatuagem”, “Era Uma Vez Verônica” e “Viajo Porque Preciso, Volto Porque Te Amo”, este último ganhou nova cópia em DCP, que ganhou sessão especial neste sábado, encerrando a programação do FestCine.
Jan Ribeiro/CulturaPE

João Vieira Jr. exibe troféu em reconhecimento à sua dedicação ao audiovisual pernambucano e nacional
O homenageado também destacou a importância de espaços como o FestCine enquanto ambiente de liberdade de expressão e acolhimento, reafirmando a observação de outros realizadores que passaram pelo evento neste ano. “Conseguir exibir um filme do interior no São Luiz, no festival específico de curta-metragem de Pernambuco, onde está concentrada a produção, pra gente é fantástico, é uma forma de mostrar também para o próprio Estado, que há voz fora do Recife”, disse William Tenório, diretor de “Cine São José”, de Afogados de Ingazeira.
Entre os estreantes, a produtora Mery Lemos participou com o videoclipe “Morrer em Pernambuco”. “Essa é uma janela bem ampla de tudo o que está sendo produzido aqui e é importante pra gente, tanto do interior, como da capital também, participar disso. Acho que hoje, o FestCine é a grande história, porque mostra exatamente quem a gente é”, disse ela. Alexandre Figueiroa, por sua vez, exibiu pela primeira vez o documentário “Kibe Lanches”, sobre uma lanchonete recifense que marcou a cidade por conta dos fregueses que rompiam tabus. “É um filme que pode interessar a qualquer pessoa, mas como tem uma cor local muito forte, acho interessante estar aqui com outros realizadores pernambucanos, entre nomes mais experientes e outros mais novos”, comentou o pesquisador, ao lembrar do intercâmbio de ideias proporcionando pelo festival.
FORMAÇÃO:
Além de abrir espaço para estudantes com a Mostra Competitiva de Formação, o FestCine também buscou contribuir com a construção de novos profissionais para o cinema. Pela primeira vez, o festival recebeu o Riocontentlab, que prestou consultoria para 24 projetos de animação, ficção e documentário, além de técnicas de Pitching e as masterclasses que atraíram um público médio de 400 pessoas. Da Oficina em Animação da Toon Boom Harmony, que foi ministrada por Alisson Ricardo, aproximandamente 30% dos alunos já foram encaminhados para trabalhos na área.
ACESSIBILIDADE:
Neste sábado, o público com deficiência auditiva ou visual também teve seu espaço garantido na programação através da sessão com acessibilidade comunicacional realizada pelo projeto VerOuvindo. Os filmes “FotogrÁFICA”, “Um Brinde” e “Catimbau”, todos participantes da edição do ano passado do festival, ganharam audiodescrição e intérprete de LIBRAS. “Eu acho fundamental não só pras pessoas com deficiências, mas para o público em geral. Tem muitas pessoas que estão assistindo que são produtores ou cineastas e eles começam a entender como funciona a acessibilidade para que eles possam fazer com qualidade, porque tem muita gente que está se aventurando nesse campo, mas não tem formação”, comentou Liliana Tavares, que é a idealizadora e coordenadora do projeto, ao destacar o FestCine como uma vitrine importante para que a proposta do VerOuvindo alcance também outros estados.
PREMIAÇÃO:
Confira os vencedores do 19º FestCine
Prêmio ABD-PE/APECI: “Uma Balada para Rocky Lane”, de Djalma Galindo.
Menção Honrosa: “Fotograma”, de Luís Henrique Leal e Caio Zatti, e “Cores Femininas”, de Barbara Hostin, Gil, Júlias Karam, Juliana Trevas, Maria Cardozo, Roberta Garcia e Sylara Silvério.
MOSTRA COMPETITIVA DE FORMAÇÃO
Prêmio de R$ 2.000 para cada obra
DOCUMENTÁRIO
- “Fora Presídio”, do Coletivo Ficcionalizar
ANIMAÇÃO
- “Dia Um”, de Natália Lima, Júnior Ramos e Itamar Silva
FICÇÃO
- “P575”, de Lais Rilda
MOSTRA COMPETITIVA GERAL
Primeiros lugares: R$ 4.500/ Segundos lugares: R$ 3.500/ Terceiros Lugares: R$ 2.500
TROFÉU FERNANDO SPENCER
- Melhor Atriz: Nash Laila, pelo filme “O Delírio é a Redenção dos Aflitos”
- Melhor Ator: Heraldo Carvalho, pelo filme “Edney”
- Melhor Som: Lucas Caminha, pelo filme “Frequências”
- Melhor Trilha Sonora: Daniel Silva, Tiquinho Lira e Carlos Sá, pelo filme “Estás Vendo Coisas”
- Melhor Direção de Arte: Carla Sarmento, pelo filme “Orbitantes”
- Melhor Produção: A equipe do filme “Lampião e o Fogo da Serra Grande”
- Melhor Montagem: Paulo Santo, pelo filme “Casa Cheia”
- Melhor Fotografia: Pedro Sotero, pelo filme “Estás Vendo Coisas”
- Melhor Roteiro: João Cintra, pelo filme Edney
- Melhor Direção: Tila Chitunda, pelo filme “Nome de Batismo: Alice”
VIDEOCLIPE
1º lugar: “Lia de Camaragibe”, de Erlânia Nascimento e Úrsula Freire
2º lugar: “Diz o Leão”, de Pedro Maia de Brito
3º Lugar: “Ficamos Assim”, de Lorena Calábria e Mariana Zdravca
VIDEOARTE/EXPERIMENTAL
1º lugar: “Dança Macabra”, de Filipe Marcena e Marcelo Sena
2º lugar: “Imanência”, de Breno César
3º lugar: “Teta Lírica”, de Marie Carangi
ANIMAÇÃO
1º lugar: “Fazenda Rosa”, de Chia Beloto
2º lugar: “A orelha encantada ou alma de gato”, de Paulo Leonardo
3º lugar: “O consertador de coisas miúdas”, de Marcus Buccini
DOCUMENTÁRIO
1º lugar: “Nome Batismo: Alice”, de Tila Chitunda
2º lugar: “Entre Andares”, de Aline Van der Linden e Marina Moura Maciel
3º lugar: “Cores Femininas”, de Barbara Hostin, Gil, Júlia Karam, Juliana Trevas, Maria Cardozo, Roberta Garcia e Sylara Silvério
FICÇÃO
1º lugar: “O Porteiro do Dia”, de Fábio Leal
2º lugar: “Edney”, de João Cintra
3º lugar: “O delírio é a redenção dos Aflitos”, de Fellipe Fernandes