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Caruaru e Recife recebem curso de modelagem em cerâmica para pessoas com deficiência visual


Com incentivo do Governo de Pernambuco, por meio dos recursos do Funcultura, o curso Sentidos da Forma tem promovido, no Recife e em Caruaru, uma série de oficinas de iniciação à escultura e modelagem em barro para pessoas com deficiência visual (cegas ou com baixa visão), utilizando a música como principal elemento de estímulo criativo.

O curso, com carga horária de 60h, é oferecido em parceria com a Associação Caruaruense de Cegos – ACACE e Associação Pernambucana de Cegos – APEC. Teve início em maio e segue com aulas semanais até o início de agosto, na sede das instituições. Os encontros são ministrados pelo artista visual e ceramista, Humberto Botão, que possui trajetória de mais de 20 anos dedicados às artes visuais e que também é o proponente do projeto. Ao final, serão formados 30 alunos.

As aulas se pautam na metodologia não-linear, que segue dois princípios fundamentais: a reincidência válida e o mapeamento do conhecimento. Também utiliza a música e seus diferentes estilos como instrumento pedagógico, sustentando o processo criativo, de acesso às memórias e de manualidade de cada encontro. Através do Clássico instrumental, os regionais Forró (em Caruaru) /Frevo (em Recife) e da música eletrônica, cada encontro possibilita momento de imersão no ritmo, de acesso aos sentidos e memórias que cada um deles provoca individualmente, trabalhando, prioritariamente, o tato e a audição, mas também percepções extra-sensoriais, através de uma modelagem intuitiva. Apesar das aulas serem majoritariamente práticas, também são repassados conteúdos teóricos acerca do barro e de seu valor histórico-cultural para Pernambuco.

Para o professor do curso, Humberto Botão, “esta é uma oportunidade muito rica em diversos âmbitos. Primeiro, no desabrochar de talentos artísticos reais e potentes que, desde o início, já podemos identificar que existem e que estão adormecidos, em sua maioria, por falta de oportunidades e de um olhar não-capacitista para eles”.

“Por outro lado, só conseguiremos a construção de uma sociedade justa e inclusiva quando os espaços e linguagens artísticas puderem ser acessados por todas as pessoas, com suas especificidades. Isso inclui as artes visuais. Queremos pessoas com deficiência visual visitando os salões e exposições, através da utilização de mecanismos de acessibilidade comunicacional, mas mais que isso: queremos os artistas com deficiência visual ocupando esses salões e exposições, queremos conhecer o que eles têm a dizer e expressar artisticamente”, completa Botão.

Ao final do projeto, serão realizadas exposições, em Caruaru e em Recife, das obras produzidas ao longo do curso. Além de ser elaborado material audiovisual com imagens e depoimentos colhidos ao longo do período.

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