Fotógrafo português Nuno Félix lança livro de viagens pela Cepe
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Cepe/Divulgação

A Cepe lança livro de arte do autor português, que reúne 185 fotografias feitas durante viagens ao longo de décadas
O psiquiatra, poeta, ensaísta e fotógrafo português Nuno Félix da Costa lança pela Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) seu mais recente livro, “O mundo mesmo”. É o segundo livro do autor pela editora pública pernambucana. O primeiro foi “Pequena voz: Anotações sobre poesia” (2018). Neste novo título, Nuno reuniu 185 imagens, fotografadas ao longo de muitas de suas viagens. Longe de serem registros turísticos, o escritor evita o típico, mostra diferentes culturas e as semelhanças desse mundo tão desigual. O lançamento será realizado no podcast Cruzamentos literários – uma parceria entre o Instituto Camões, em Brasília, e a Associação Oceanos – e estará disponível na quinta-feira (22), nas principais plataformas de áudio streaming. Participam da conversa o autor do título e o jornalista brasileiro Manuel da Costa Pinto.
“O mundo mesmo é um discurso fotográfico, como um livro de poesia. Não é uma coletânea. Tal como o Portulíndia (2009, Córtex Frontal), a produção de um discurso fotográfico dá sentido, como que fecha um procedimento de relação com o real que tem algo de mágico e de anacrônico (no sentido em que elimina o tempo das coisas)”, resume Nuno.
As fotos são registros do ser humano em sua multiplicidade, além de imagens de lugares sobre os quais o autor/fotógrafo lança seu olhar crítico e faz um recorte muito particular da realidade em foco. De acordo com o editor da Cepe, Diogo Guedes, Nuno parte para o esforço de observar os muitos mundos que habitam a contemporaneidade e encontrar neles afinidades capazes de conectar geografias, indivíduos e culturas distintas entre si.
Nuno Félix não viaja por lazer, procura conhecer os lugares por onde anda e se deixa levar pela diversidade, que o enriquece. Fora de Lisboa, onde nasceu e trabalha, passou longas estadias na Ilha do Pico, Açores e Nazaré. Costuma se demorar nos lugares para onde viaja e evitar a superficialidade turística.
No tempo da fotografia analógica usava Leicas, até que num assalto à sua casa perdeu as máquinas. Quando o digital surgiu, de uma forma incipiente, Nuno pouco fotografou, até passar a usar a Cannon e chegar aos modelos da Fujifilm, que lhe trouxeram experiência semelhante à proporcionada pelas antigas Leicas.
“A fotografia descreve impressões fragmentárias – o discurso constitui-se por afinidades sub-reptícias entre as imagens e não pretende senão um retrato de pessoas dos mais diversos lugares, unidas por estilos de vida e de relação que têm mais em comum do que de diverso”, diz.
Para Nuno, a organização de “O mundo mesmo” foi profundamente envolvente. Uma atividade que implica em conhecer a intimidade de cada imagem e a sua capacidade de significar. “Passei a vida a fotografar (entre outras coisas) – são centenas de milhares de fotos acumuladas, dezenas de livros possíveis, se tiver oportunidade de os fazer, como este, a convite da Cepe”, destaca.
A primeira imagem do livro e a mais antiga foi feita no Marrocos, em 1978. “Marrocos tinha um enorme fascínio, mas descobri um encantamento não menor quando, pouco depois, comecei a viajar por Portugal e a descobrir as diferenças de mundos entre as regiões. Hoje, em O mundo mesmo, prevalece uma visão do que é comum, uma humanidade (a qualidade do humano) comum. Para um português, Recife e Olinda despertam uma estranha familiaridade. Por razões diferentes, claro. A última fotografia do Mundo mesmo é de um arranha-céus e no topo está um pedido de justiça. Concordei. A justiça deveria prevalecer sobre todas as outras prioridades, nortear as governações a todos os níveis e as relações entre as pessoas”, justifica Nuno Félix.
SOBRE O AUTOR - Nasceu em 1950, em Lisboa, onde vive e trabalha. É psiquiatra. Expôs pinturas (desde 1983, na Galeria Módulo e publicou fotografias (Retratos de hábito, 1983; Pena capital, 1993; Portulíndia, 2009; Salão Lisboa, 2020). Expôs obras em que a fotografia suporta várias formas de intervenção. Publicou poesia na editora &etc (Noutro sítio, 1995; Panfletarium, 1996; Cinematografias, 1998), na Casa Fernando Pessoa (Arte última, 1998); na Córtex Frontal (Catálogo de soluções, 2010; Agora nós, 2012); na Companhia das Ilhas (O desfazer das coisas e as coisas já desfeitas, 2015; Epopeia mínima, 2020). Pequena voz — anotações sobre poesia foi editado pela Companhia das Ilhas em 2016, reeditado pela Cepe Editora em 2018. Estar no sistema foi editado pela Teodolito (Afrontamento), em 2019. A clínica e a patologia dos sistemas foi lançado em 2020 pela Companhia das Ilhas.
Serviço
Evento: Lançamento de O mundo mesmo no Podcast Cruzamentos Literários, disponível nas principais plataformas de áudio streaming. Participarão da conversa o autor do título e o jornalista brasileiro Manuel da Costa Pinto.
Quando: 22 de julho de 2020 (quinta-feira), às 19h
Participação: Nuno Félix e Manuel da Costa Pinto
Valor do livro impresso R$ 50 e do e-book R$ 18