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Antonio Carlos Secchin lança “João Cabral de ponta a ponta”

A obra será lançada dia 26 de agosto, às 17h30, em uma live no canal da Cepe no You Tube, com a participação de Secchin mediada pelo editor do Suplemento Pernambuco (Cepe), Schneider Carpeggiani

Cepe/Divulgação

Cepe/Divulgação

Em comemoração aos 100 anos do poeta pernambucano, Cepe lança edição revisada e acrescida de textos inéditos de João Cabral de ponta a ponta, de Antonio Carlos Secchin

Neste ano do centenário do poeta pernambucano João Cabral de Melo Neto, a Companhia Editora de Pernambuco (Cepe) lança João Cabral de ponta a ponta. Trata-se de uma edição revisada e enriquecida com material inédito, onde estão reunidos estudos dedicados a toda a obra publicada pelo poeta pernambucano, realizados pelo escritor, professor de Literatura Brasileira da Faculdade de Letras da UFRJ e membro da Academia Brasileira de Letras, Antonio Carlos Secchin. O autor passou mais de 35 anos debruçado sobre as escritas cabralinas. No título de 598 páginas, o leitor descobre um ensaio sobre Cabral e Carlos Drummond de Andrade; uma importante entrevista de Cabral concedida a Secchin em 1980; a última palestra do poeta em ambiente acadêmico (na Faculdade de Letras da UFRJ, em 1993); e valiosas imagens com reprodução de dedicatórias importantes e de capas raríssimas de obras do autor.

O livro conta ainda com todo o material analítico dos 20 títulos de João Cabral, expostos cronologicamente de acordo com as datas das publicações. Sem falar nos cinco ensaios sobre temas transversais da poesia do autor e de suas relações com outros escritores. Esse último material de pesquisa foi publicado em 2014, pela extinta Cosac Naify, sob o título João Cabral: uma faca só lâmina. A obra será lançada no próximo dia 26 de agosto (quarta-feira), às 17h30, em uma live no canal da Cepe no  YouTube, com a participação de Secchin mediada pelo editor do Suplemento Pernambuco (Cepe), Schneider Carpeggiani. Na ocasião o autor pretende falar da concepção do livro, desde as versões iniciais, publicadas em 1985 e 1999, passando pela de 2014, até chegar à forma definitiva, pela Cepe. Inicialmente os livros estarão disponíveis apenas em formato e-book. A impressão está condicionada ao retorno das atividades presenciais da gráfica da empresa pública.

“É um orgulho publicar, dentro da programação do centenário de João Cabral de Melo Neto, uma obra que se dedica aos meandros da sua poesia, do primeiro ao último livro. João Cabral de ponta a ponta é a versão ampliada e consolidada das pesquisas de Secchin sobre o poeta; parte do trabalho de uma vida dedicada à literatura. É uma edição para conhecer a poesia cabralina em profundidade, pois o autor traz leituras essenciais da produção tardia de João Cabral, pouco lembrada pela crítica. Na edição da Cepe Editora, temos ainda material inédito, com um novo ensaio, uma entrevista, um depoimento e imagens de exemplares raros colecionados por Secchin. Além de tudo isso, o ensaísta consegue mostrar como ninguém, ao longo do volume, a vitalidade e novidade do poeta pernambucano para os leitores atuais”, resume o editor da Cepe, Diogo Guedes.

Fernando Rabelo/Divulgação

Fernando Rabelo/Divulgação

Antônio Carlos Secchin é o responsável pela obra que revisita os textos de João Cabral de Melo Neto

“Uma vez que Cabral dizia apreciar meu trabalho crítico sobre sua poesia, gostaria de que quem gosta da obra cabralina pudesse conhecer o que sobre ela escrevi, o que agora será possível graças à publicação da Cepe. Mas antes, ou paralelamente a isso, o fundamental é ler a própria obra dele”, sugere Secchin.

Nos detalhados estudos críticos, há espaço também para comentários de outros críticos sobre os livros de João Cabral. Tanto sobre o que os críticos mais falam quanto sobre o que eles preferem ignorar. Poucos críticos destacavam, por exemplo, o caráter de humor de suas poesias, como o próprio João Cabral observava, segundo Secchin. “Um humor cortante, quase agressivo, eu acrescentaria, bem típico de quem maneja uma faca só lâmina”. Título de um dos livros de João Cabral, Uma faca só lâmina (1955) é obra de mais de 300 versos hexassílabos. Outros livros ignorados pela crítica são A escola das facas (1980) , O Auto do frade (1984) e Agrestes (1985). “Considero que muitos se dão satisfeitos com a digamos, fase um de Cabral, que se encerra em 1968: ele entra na Academia Brasileira de Letras e publica, com grande sucesso de público e de crítica, sua Poesias completas . Quando retorna ao verso, em 1975, o contexto cultural já é outro, o da ‘poesia marginal’, e ele fica numa espécie de limbo, um poeta-’monumento’ que pouco teria de novo a dizer. Mas não foi o que ocorreu”, conta o autor.

Averso ao poema lírico, Cabral se autodenominava antilirista. “Minha poesia é intelectual, em alguns livros, é uma poesia de crítica social à situação nordestina, é uma poesia, como dizem os críticos atuais, metapoesia, uma poesia sobre a poesia, mas não é uma poesia lírica. Eu tenho a impressão de que a verdadeira poesia lírica hoje está sendo feita pelos compositores de música. Os grandes líricos do Brasil hoje chamam-se Caetano Veloso, Chico Buarque de Holanda”, diz João Cabral a Secchin. Para ele, o trabalho poético era como um trabalho manual. “Ele recorre a comparações com atividades manuais – as do ferreiro, do toureiro, do pescador – exatamente para retirar da poesia a aura do sublime, como efeito de inspiração reservada aos poucos eleitos ou iluminados. Cabral não é um iluminado, é um iluminador”.

Serviço
Lançamento do livro João Cabral de ponta a ponta, com bate-papo entre Antonio Carlos Secchin e Schneider Carpeggiani
Quando: 26 de agosto (quarta-feira), às 17h30
Onde: Canal da Cepe no YouTube (www.youtube.com/watch?v=tHCBSwwWfkk)
Preço do livro: R$ 18 (e-book); R$ 60 (livro físico)

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