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Cinema para ver, fazer e pensar

Além da exibição de filmes, a programação do FestCine inclui uma série de atividades formativas

Foto: Costa Neto

Costa Neto/Secult-PE/Fundarpe

Oficinas integram a 16ª edição da mostra cinematográfica FestCine

por Leonardo Vila Nova

A programação do 16º FestCine – Festival de Curtas de Pernambuco vai muito além das mostras competitivas que acontecem, diariamente, no Cinema São Luiz. A realização de oficinas tem envolvido um público que não quer apenas ser espectador, mas também quer fazer e discutir cinema. Até esta sexta (5), três turmas estão aprendendo um pouco do cinema por outro viés. Sã as oficinas “Documentando”, com Marlom Meirelles; “Crítica Cinematográfica”, com André Dib; e “Cinema de Animação”, com Tiago Delácio e Paulo Monteiro. Numa parceria com a Faculdade Joaquim Nabuco, as aulas estão sendo realizadas no campus da instituição de ensino, no centro do Recife.

A oficina ministrada pelo ponto de cultura Cinema de Animação, de Gravatá, tocado pelo cineasta Lula Gonzaga – um dos homenageados do 16º FestCine – tem sido o pontapé inicial para aqueles que se encantam com o universo da animação e pretendem investir numa carreira na área. Tiago Delácio e Paulo Monteiro são os responsáveis por ministrar a oficina durante o FestCine. A partir de um método criado por Lula, há mais de 30 anos, que converge para formas mais simples e artesanais de animação, eles imbuem os alunos de retratarem, em suas criações, sua realidade, seus signos identitários mais próximos. “A nossa ideia é trabalhar com traços da xilogravura e temas regionais. Fazer com que qualquer jovem, em qualquer lugar onde estiver, possa fazer uma animação. Procuramos ter esse papel de formação com esses jovens, que podem utilizar isso como uma oficina de formação cidadã ou se profissionalizar, buscar novas técnicas, e quem sabe, alçar voos mais altos. Eu e Paulo fomos formados nessa oficina, com Lula”, explica Tiago.

Logo ali, no mesmo 2º andar da Faculdade Joaquim Nabuco, mais outra oficina em andamento: o realizador Marlom Meirelles ministra “Documentando”, que envolve os alunos no processo de criação de um documentário. Ele tem levado a iniciativa para vários municípios, conjuntamente com as ações da Coordenadoria de Audiovisual da Secul-PE. Nas aulas, Marlom introduz os alunos em questões técnicas e estruturais de um documentário, desde a criação de roteiro, até mesmo “por a mão na massa” e realizar um documentário, até sua finalização. Uma das tocantes criações da oficina é o documentário Quadrado, fruto de uma das oficinas, realizada durante o 7º Festival de Cinema de Triunfo, este ano, e que foi exibida no encerramento do festival.

DOCUMENTANDO – Curta-metragem “Quadrado” from Eixo Audiovisual on Vimeo.

Costa Neto/Secult-PE/Fundarpe

Costa Neto/Secult-PE/Fundarpe

O jornalista André Dib comanda a oficina de Crítica Cinematográfica

O cinema para ser visto, para ser criado… para ser discutido, analisado, debatido. Enxergar além do que apenas está projetado na tela, diante dos nossos olhos. Observar e mergulhar nas nuances de uma produção com olhos argutos, captando entrelinhas. A oficina de “Crítica Cinematográfica”, ministrada pelo jornalista André Dib, veio despertar nos alunos a sensibilidade de esmiuçar um filme em seus mais variados meandros. Desde aspectos técnicos (como enquadramento, planos, distância focal, montagem, fotografia, roteiro, etc) até o lado mais subjetivo são colocados em xeque. Em sala de aula, Dib levanta discussões, mostra exemplos e exibe filmes, procurando estimular e ampliar o olhar particular de cada um dos alunos. “Quando você estimula a discussão sobre o que está sendo exibido, ali também está nascendo cinema. Não só na cabeça de quem faz, de quem produz, mas também na discussão e reflexão… é ali que fecha o ciclo, nesse exercício de pensar o cinema. É isso o que mantém esses filmes vivos, o que dá o sentido de toda essa produção existir”. Confira algumas das críticas escritas pelos alunos no blog Oficina de Crítica Cinematográfica.

As oficinas têm gerado um interesse de pessoas com os mais variados perfis. Nas turmas, é possível encontrar profissionais das áreas de engenharia, arquitetura, jornalismo, fotografia. Everton Maciel, 29, é professor de História, natural de Buíque. Ele veio ao Recife especialmente para acompanhar a programação do FestCine. Ele já passou por oficinas como Documentando, Crítica de Cinema, Iniciação à Filmagem, Preparação de Atores, Fotografia. Desta vez, ele participa das aulas de Cinema de Animação. “Desde 2008, despertou em mim essa vontade de interagir com o cinema, que é algo que me fascina. Por isso, estou aproveitando a oportunidade de conhecer mais e agregar valor. Já participei de um curta, como ator, e agora estou no primeiro corte de um curta-metragem em que, junto com alguns amigos, roteirizei, estou dirigindo e produzindo. É importante estar sempre se atualizando nessa área, pois o cinema é uma linguagem universal e cada vez mais vem acessando novas tecnologias e uma produção cada vez mais moderna e sofisticada. E, atualmente, com as mostras de cinema que se espalham pelo estado, o Sertão tem conseguido entrar e ter mais espaço nesse circuito do cinema pernambucano… e eu quero poder participar disso”, conta.

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