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Cultura.PE Indica: professores de literatura da UFPE elegem livros para quarentena

A série Cultura.PE Indica vai veicular várias dicas de livros, discos, filmes e séries para a quarentena, a partir de uma curadoria colabarativa

Arte/Adeildo Leite

Arte/Adeildo Leite

Na estreia da série Cultura.PE Indica, os professores de literatura da UFPE foram convidados para mostrar o que andam lendo neste período da quarentena

Bruno Souza

Nunca se falou tanto em arte, cultura e educação, como nestes últimos dias de quarentena. A explosão de lives com shows diários, aulas à distância, download gratuito de e-books e lançamentos de filmes, séries e discos em plataformas on demand (Netflix, Amazon, Spotify, Deezer, etc.) indica que, para além da mera distração, o conhecimento, a informação e, consequentemente, a fruição estética dessas obras são as melhores ferramentas para combater a ignorância e manter-se mentalmente sadio neste momento de isolamento social.

Pensando nisso, o Portal Cultura.PE arregimentou um time de professores e jornalistas que vão mostrar ao longo dos próximos dias, em três blocos, o que andam lendo (livros), ouvindo (discos/coletâneas musicais) e vendo (filmes/séries) nesse período de quarentena. Trata-se da série Cultura.PE Indica, um projeto colaborativo que tem como intuito dar visibilidade a obras e artistas das mais diversas esferas culturais e linguagens artísticas.

Para a estreia da série, convidamos os professores de literatura do Grupo de Pesquisa D.E.R.I.V.A. (Derivações e Representações Interartísticas de Vozes do Atlântico), vinculado ao Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), para que eles, numa espécie de curadoria coletiva, indicassem obras para ocupar o nosso (inevitável) tempo livre e, mais do que isso, apontassem novos caminhos de leitura para enriquecer o nosso repertório. Da poesia de Celina de Holanda (PE) aos contos de Ondjaki (Angola), os livros apresentam uma multiplicidade de olhares e gêneros literários. Confira:

Arte/Adeildo Leite

“A descoberta da poesia de Celina de Holanda para mim foi um achado. Para quem gosta de poesia de qualidade rara, conjugando densidade e brevidade, poesia concentrada e certeira, que fala ao coração e à cabeça. O sentimento, as imagens da terra e a meditação existencial encontram nesse olhar, atento ao mundo e à vida interior, um espaço de grande surpresa e prazer, numa bela e cuidada edição da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), como esta de Viagens Gerais, professor Fábio Andrade (UFPE).

Arte/Adeildo Leite

“Apropriado para estes dias de confinamento no interior e na intimidade de nossas casas e de nossos corpos, o livro de estreia da poeta recifense Julya Vasconcelos, A súbita insistência das coisas, trata da elaboração calculada de uma subjetividade que parece se fundir com as coisas, concretas e abstratas, que persistem insistentemente ao tempo e a constituem. Seus fragmentos revelam a falsa fragilidade de uma mulher que observa o mundo ruir, sem explicação, e permanece ereta, enrijecida na busca de uma linguagem para o que não tem, como a viga que fecha o livro”, professor Tiago Hermano Breunig (UFPE).

Arte/Adeildo Leite

“O livro de contos Os da minha rua, do angolano Ondjaki, resgata o olhar infantil para cenas e fatos do cotidiano. Por meio de uma voz narrativa que costura os textos, o autor apresenta um discurso que flerta com a linguagem da poesia, em um texto cheio de sutilezas e imagens que escapam do automatismo dos dias. Quanto a nós, leitores, recebemos a possibilidade de resgate (e escape?) às nossas próprias histórias e memórias da infância potencializadas pela literatura”, professora Raíra Maia (UFPE).

Arte/Adeildo Leite

“A dica da vez é em dose dupla: um livro e um filme. Ou melhor, um livro que virou filme. A última tentação (no original, Ο τελευταίος πειρασμός) é aquele clássico do romancista grego Nikos Kazantzákis que reconta a vida de Jesus Cristo segundo uma ótica, por assim dizer, nada convencional. Narrada com um feroz humanismo, que valeu a excomunhão do escritor e a catalogação do livro no Index Librorum Prohibitorum (aquela listinha do Vaticano dos livros proibidos pela Igreja), a conhecida história de Jesus ganha renovado brilho e beleza, sobretudo para aqueles que sabem que o espírito religioso pode (e deve) ser também cheio de fúria e dúvida e paixão. Ah! a dica do filme: A última tentação de Cristo (The last temptation of Christ), adaptação do diretor norte-americano Martin Scorcese”, professor Paulo Braz (UFPE).

Arte/Adeildo Leite

Mulheres que correm com os lobos, de Clarissa Pincola Estés, é um livro que fala da natureza humana partindo da perspectiva da natureza feminina. Como a história moderna marca séculos de opressão ao feminino, a leitura vale como reconexão com a natureza selvagem suprimida. Em tempos de reclusão, a obra conduz o leitor a uma interiorização necessária e ao conhecimento mais profundo de si mesmo”, professor Felipe Aguiar (UFPE/UniSãoMiguel/FOCCA).

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