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Modelo Vivo tem primeira sessão no Mamam

Com incentivo do Funcultura, Atelier Risco! está de volta, a partir desta quarta-feira (2), com sessões gratuitas

Walton Ribeiro/Divulgação

Walton Ribeiro/Divulgação

Modelo Vivo, do Atelier Risco!

Está de volta à cena cultural do Recife um projeto artístico que mobiliza artistas de todas as linguagens desde 2013 e que vem mudando o olhar para uma prática tradicional do desenho: o Modelo Vivo. O Atelier Risco! está de volta e a primeira sessão é nesta quarta-feira (2), das 19h às 21h, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães (Mamam), no bairro da Boa Vista (Centro do Recife). Para o primeiro encontro, após uma pausa de um ano, a modelo é a multiartista Vi Brasil com a performance Equilíbrio Precário, com a participação especial, na trilha sonora, de D Mingus. A sessão de estreia é seguida de debate com o desenhista Philipe Sidartha, pesquisador integrante do grupo.

O projeto contempla a realização de 16 sessões, todas gratuitas, das quais dez em 2024 e seis em 2025, com oito debates, processo de formação e uma exposição no fim. Todas as sessões e debates são transmitidos por videoconferência.

A retomada do Atelier Risco! foi possível graças ao edital do Fundo Pernambucano de Incentivo à Cultura (Funcultura), do Governo de Pernambuco, tendo sido contemplado na categoria Manutenção de Coletivo de Produção Artística. A proponente do projeto e diretora artística do Risco!, Bruna Rafaella Ferrer, também investiga as ações do grupo no estágio de pós-doutoramento da pesquisa Situações Artísticas e Pedagógicas na Prática Criativa com Modelo Vivo, tendo como instituição base a Diretoria de Pesquisas Sociais (Dipes) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). Em uma década de atividades, o grupo vem arriscando passos novos fora da tradicional visão acadêmica para a prática do Modelo Vivo.

Quando comenta a novidade que o projeto Atelier Risco! promove, Bruna pontua: ​“Desde o início da trajetória do Risco! entendemos que existia uma demanda de investigação do corpo, que não estava só no desenho, na pintura e na fotografia, mas na performance do corpo que traz consigo uma investigação ilimitada de estar no mundo, ligada também a outras linguagens e outras formas de se colocar no mundo. Transformações no corpo como lugar de investigação estética passaram a ser objetos de estudo da prática do Modelo Vivo. Essa é a única novidade possível”.

ORIGENS – Criado por professores do curso de artes visuais da faculdade Aeso, entre os quais a própria Bruna Rafaella Ferrer, além de Eduardo Souza e André Aquino, o Atelier Risco! também está de volta ao primeiro equipamento cultural que o acolheu após se tornar independente de instituições acadêmicas. O grande instigador e mentor do grupo foi Eduardo Souza, artista que faleceu em 2018. O Risco! surgiu na academia, mas migrou para o Atelier Peligro, de Eduardo, e depois para o Mamam.

A diretora do museu, Mabel Medeiros, comemora a volta do Risco!, que considera uma etapa importante na formação dos jovens artistas e dos que já estão num caminho longo de sua trajetória. “Há mais de uma década, o Risco! vem movimentando o pensamento sobre o desenho e sobre o performar para o desenho em modelo vivo no Recife. E também promovendo discussões enriquecedoras para as artes visuais, sobretudo o desenho. Somos um museu que trabalha com arte contemporânea e, como todo museu, tem interesse em formação, discussões e debates acerca das artes visuais de forma ampla”, enfatiza.

Diferentemente do que muita gente pensa, não há pré-requisitos técnicos nem necessidade de inscrição prévia para participar de uma sessão de desenho com modelo vivo, mas cada participante tem que levar seu material artístico. Os encontros são gratuitos e abertos ao público, a partir do dia 2 de outubro, todas as quartas-feiras, das 19h às 21h, no jardim do Mamam (entrada pela Rua da União, nº 88, Boa Vista).

OBSERVAÇÃO - Modelo vivo é a prática e o estudo da representação artística da figura humana por meio de exercícios com desenho de observação. Esse é um método de aprendizado artístico formalizado em academias de arte europeias, a partir da segunda metade do século 17, que perdura no ensino de arte no Brasil desde as primeiras décadas do século 19, com a implementação da Academia Imperial de Belas Artes. Atualmente, com o surgimento de uma série de grupos de modelo vivo como o Atelier Risco!, sem vínculo institucional ou acadêmico, observa-se o avanço desse campo de estudos para além do desenho como mero registro criativo, levando em conta também os aspectos poéticos e autorais contidos nas performances dos modelos.

ATELIER RISCO! - Surgiu em 2013 para democratizar a prática criativa com modelo vivo fora de um programa estritamente acadêmico. O Risco! acolhe semanalmente diferentes modelos valorizando seus repertórios como base para a produção artística e discussão. Acredita-se que todos podem usar suas subjetividades nas sessões, o que enriquece a criação coletiva de imagens, celebrando a diversidade e o potencial criativo de cada participante e reforçando que todos são capazes de desenhar e/ou atuar como modelo vivo.

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