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Morre Mestra Luiza dos Tatus, ícone do Artesanato de Pernambuco

Corpo da artesã é velado em sua residência e sepultado às 17h desta quarta-feira (25), no cemitério do distrito de Água Fria

Roberta Guimarães/Fenearte 2023/Adepe

Roberta Guimarães/Fenearte 2023/Adepe

Mestra Luiza dos Tatus

É com uma tristeza avessa à alegria que Luiza dos Tatus irradiava que o Artesanato de Pernambuco lamenta a morte da mestra artesã, ocorrida nesta terça-feira (24), aos 64 anos de idade, devido a uma parada cardiorrespiratória, enquanto trabalhava, no Sítio Rodrigues, distrito de Água Fria, no município de Belo Jardim, Agreste pernambucano.
Nascida Luiza Maria da Silva, em 6 de janeiro de 1959, Luiza dos Tatus ficou assim conhecida pelas representações em cerâmica de bichos da fauna de onde vivia – os tatus, sobretudo, mas também tartarugas, cobras, lagartixas e iguanas. O corpo da artesã é velado em sua residência e sepultado às 17h desta quarta-feira (25), no cemitério do distrito de Água Fria.
Sua criação começou a se materializar no barro quando ainda era criança, aos 9 anos, como loiceira, herdeira de mulheres que por gerações preservam o ofício. Da fabricação de utilitários para os bichos que agora a eternizam, Luiza dos Tatus expandiu seu trabalho por orientação da artista Ana Veloso, em meados dos anos 2000, e então sua obra se espalhou.
O talento de Luiza dos Tatus conquistou um reconhecimento sem fronteiras. E contribuiu para o desenvolvimento de sua família e de sua comunidade; também para a consolidação de Belo Jardim enquanto território criativo na arte cerâmica; e ainda para a sofisticação lúdica e plural do Artesanato de Pernambuco. Em 2020 recebeu o título de mestra.
A 23ª Fenearte, realizada em julho deste ano, dedicou à Mestra Luiza dos Tatus um de seus vídeos. Com a graça e a ternura que acompanhavam seu talento ela contou que nutria o sonho de participar da feira até conseguir, em 2011, quando diz haver se sentido uma criança, perdida na imensidão do evento, mas encontrando-se: “Isso aqui [a Fenearte] fez eu me reconhecer. Eu não sabia o que era uma artesã. Não sabia se era a peça ou se era eu. Mas, graças a Deus, agora eu sei que sou eu a artesã e a artista das minhas peças”.
“A morte de Mestra Luiza dos Tatus nos entristece muito, mas nos leva também a enaltecer sua existência e sua trajetória. Com os tatus a artesã nos conectou – e permanecerá a nos conectar – com nossa própria terra. O artesanato tem a especialidade de representar, com beleza e de forma singela, quem somos e o que é nosso. E Mestra Luiza contribuiu para isso com alegria, sensibilidade, talento e uma dedicação de mais de 50 anos. Sua obra não passará e nos impulsiona a fazer cada vez mais pelo Artesanato de Pernambuco”, diz Camila Bandeira, diretora-geral de Promoção da Economia Criativa da Agência de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco (Adepe).
Mestra Luiza dos Tatus agora cintila como um ícone perene do Artesanato de Pernambuco, da cultura e do povo pernambucano.

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