Romance Extremo Oeste (Cepe) vence o Prêmio Jabuti de Escritor(a) Estreante
Novidade em 2023, categoria é uma oportunidade oferecida pela CBL para dar visibilidade a um(a) escritor(a) em seu primeiro livro
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O paranaense Paulo Fehlauer é o vencedor da categoria Escritor(a) Estreante (Eixo Inovação) do 65º Prêmio Jabuti, com o romance Extremo Oeste, lançado pela Cepe Editora. O anúncio foi feito na noite desta terça-feira (5), em cerimônia realizada no Theatro Municipal de São Paulo. Extremo Oeste também venceu o 6º Prêmio Cepe Nacional de Literatura.
“A primeira obra carrega todo um aprendizado sobre o trabalho da escrita, então envolve muita entrega do autor, além de muita expectativa. Foi assim com Extremo Oeste, um livro em que explorei temas muito próximos a minha experiência e às memórias da região em que cresci. Além do reconhecimento, o prêmio é um grande estímulo para a continuidade do meu trabalho com a literatura”, destacou Paulo Fehlauer.
Novidade apresentada na edição 2023 do Jabuti, a categoria Escritor(a) Estreante configura-se como uma oportunidade oferecida pela Câmara Brasileira do Livro, organizadora do concurso, para dar visibilidade a um(a) escritor(a) em seu primeiro livro. É uma janela para o iniciante alcançar um público amplo e uma forma de estimular outras pessoas a escreverem seus textos e livros, de acordo com a CBL.
Paulo Fehlauer concorreu com outros quatro autores: Cristianne Lameirinha (A Tessitura da Perda, Editora Quelônio), Júlia Portes (O Céu no Meio da Ara, NAU Editora), Valentim Biazotti (Síngulas Brasilis Fantásticas, Editora Penalux) e Leonardo Piana (Sismógrafo, Edições Macondo). Este ano o Jabuti registrou 4.245 obras inscritas, em 21 categorias, com quatro eixos.
“Eu estava com grande esperança e muito seguro de que o livro do Paulo poderia vencer, pela originalidade e qualidade da obra. Ele dedicou dez anos na construção do romance. Recomendo muito a leitura de Extremo Oeste. A Cepe está duplamente de parabéns. Primeiro por lançar novos autores como ele, quando criou um prêmio literário de âmbito nacional; segundo porque vencer qualquer das categorias do Jabuti é uma referência para todo autor e editora deste país. Na cerimônia estavam na plateia do majestoso Theatro Municipal de São Paulo representantes das maiores casas editoriais brasileiras. Esse é mais um reconhecimento do trabalho que a Cepe, uma editora do Estado, vem desenvolvendo desde 2008, investindo na profissionalização de suas equipes. Estou muito feliz em compartilhar com todos mais essa conquista”, afirma o jornalista Ricardo Melo, diretor de Produção e Edição da Cepe.
A OBRA - De acordo com Paulo Fehlauer, escritor, artista visual e pesquisador, o livro traz elementos autobiográficos. “Não só pelos cenários, eventos e até imagens, que são os da minha vivência desde a infância, mas também pelas reflexões que ele propõe”, declara. “Se dá para sintetizar o romance de alguma forma eu diria que ele explora esse limiar em que a experiência individual e a coletiva se encontram e se misturam, em que o histórico se torna pessoal e vice-versa”, revela.
O livro foi escrito de 2014 a 2017, período em que Paulo cursou a especialização Formação de Escritores no Instituto Vera Cruz. “Digo que ele foi ‘gestado’ ali porque, mais do que formação técnica, o curso proporcionou um ambiente de criação, leitura e discussão muito frutífero e que trabalhou principalmente a minha segurança diante do texto. Depois veio uma longa fase de maturação e lapidação, com a leitura atenta de amigos e colegas, que resultou no livro publicado”, conta.
Em Extremo Oeste Marcello é um amigo de infância desaparecido a quem o narrador se dirige, ao longo de 224 páginas, na tentativa de encontrá-lo. Nesse percurso fotografias em preto e branco, memórias e cartas revelam aflições e lugares não identificados que funcionam como rastros. Durante vários capítulos o narrador se questiona sobre se existe uma história a ser contada. “É que talvez não haja uma história, se posso ser franco. Talvez não haja um começo possível e o fim se dê em um gesto de desistência. Ou de abandono. Talvez essa seja a única forma de falar de algo que não existe. Mas é claro que alguma coisa sempre existe”, diz o escritor. O título foi publicado pela Cepe Editora em 2022.
O AUTOR - Paulo Fehlauer nasceu em Marechal Cândido Rondon, oeste do Paraná, em 1982, e reside em São Paulo (SP). Graduado em jornalismo e mestre em estudos literários pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), é fotógrafo, produtor audiovisual e artista visual. Em 2008 fundou o Coletivo Garapa, com o qual desenvolve uma trajetória artística que inclui trabalhos exibidos em instituições como Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP), Museu da Imagem e do Som de São Paulo (MIS-SP) e Instituto Moreira Salles.
